quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Strawberry fields forever

A cesta de cerejas embebidas em mel de Edward balançava de um lado para outro enquanto as copas das árvores farfalhavam nos dois lados, fazendo um caminho natural até a plantação de morangos.
Finalmente havia chegado. Londe dos problemas. Longe do inferno. Longe de pessoas mal educadas. Perto do paraíso.
O sol brilhava aquecendo sua pele de porcelana ávida por calor. Ao longe, um garoto de 17 anos descansava entre os morangos recém colhidos, esperando pela irmã.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Suicídio

Ele via o cansaço nos olhos do parceiro e aquilo lhe doeu muito. Por que tinha que ter nascido?
O quarto não parecia ser o mesmo em que aconteciam noites quentes em cima de uma cama, não com um cansado Arthur sentado ali, olhando para o chão e pensando em coisas que nem ele mesmo sabia dizer.
Edward respirou fundo, tentando se lembrar de como fora parar no chão branco, mas logo deduziu que pelo suor que lhe escorria frio pelas costas e a exaustão cardíaca, tinha tido outra alucinação. Ah, sangue novamente. Aquilo já estava passando dos limites, todos os dias a mesma coisa, sua mente pregando uma peça em si mesmo e boicotando a relação dos dois. Por longos segundos teve vontade de chorar, não por si, mas pelo sofrimento do amado.
- Amor... - Edward sussurrou, a voz saindo mais sufocada do que esperava, o coração palpitando e o deixando tonto.
Arthur pareceu não ouvir, tampouco desviou o olhar do chão.
- Amor! - Edward chamou mais uma vez, envolvendo o outro com os braços, mas sendo afastado pelo mesmo. Aquilo partiu seu coração, e antes mesmo das lágrimas escorrerem livres, ele correu cambaleante dali, ainda sob os efeitos da alucinação. Tropeçou nos próprios pés, mas logo se recompôs, saindo da casa tentando enxugar as lágrimas.
Andou sem destino, apenas sentindo a dor no peito, odiava ver seu amor evitando-o... e era tudo culpa sua.
As pessoas pareciam ter desaparecido das ruas e Edward vagou sozinho por mais ou menos doze minutos, tentando segurar o choro. Mas não dava: pesava em sua consciência que era um sufocador, um parasita. A imaginação ajudou e o fez pensar em cenas de seu Arthur rindo de uma outra pessoa normal, que não possuía doenças mentais. Cortou a alma mais ainda, só que sorriu mesmo assim, sabendo que ele estaria feliz.
E assim Edward parou, avistando um carro vindo em alta velocidade. A dor dos dois não iria mais perdurar.
Um passo, depois o outro, rapidamente... e a visão do sorriso perfeito de Arthur foi seu último pensamento.

domingo, 17 de agosto de 2014

Eu?

Minha arte é corrosiva, intensa, tocante. Faz corações dispararem e causa estranhamento. Provoca furor e acalma fúria. Leva a pensar se leio seus pensamentos ou se já visitei o âmago de sua alma.
Eu apenas construo pontes de sentimentos às palavras, teço parágrafos frágeis de ferro que tanto podem salvar uma vida quanto apertar um gatilho.
Sei chicotear a sua garganta e arranhar suas costas. Sei fazê-lo gritar de dor, prazer e horror. Sou capaz de colher flores invisíveis e dá-las a um apaixonado.
Eu, meu caro amigo, eu escrevo.

sábado, 24 de maio de 2014

Tao

Como alguém pode prestar em outra pessoa quando você aparece? A sua voz hipnotiza, pode não ser a mais bela do mundo, mas é certa e me acerta entorpecendo meus sentidos que ficam presos em ti. O jeito como dança, movimentos perfeitos, encantadores. Pode não ser o melhor dançarino, mas não sei como faz para eu esquecer dos outros e da música que toca. E no final... É simplesmente uma overdose de você.

Kris

Desde a primeira vez que te vi fiquei intrigado. Teu corpo alto, o padrão físico bonito, a voz e o talento ímpar.
No entanto... o que mais intriga é o teu olhar e o sorriso que o acompanha. Como pode olhos tão misteriosos e marcantes mudarem completamente com um leve curvar de lábios? Se parecer estúpido, me perdoe, mas tua combinação olho e sorriso é líricamente arrasadora.
Se tu fores embora... quem, além do panda segurará meu mundo?