quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Suicídio

Ele via o cansaço nos olhos do parceiro e aquilo lhe doeu muito. Por que tinha que ter nascido?
O quarto não parecia ser o mesmo em que aconteciam noites quentes em cima de uma cama, não com um cansado Arthur sentado ali, olhando para o chão e pensando em coisas que nem ele mesmo sabia dizer.
Edward respirou fundo, tentando se lembrar de como fora parar no chão branco, mas logo deduziu que pelo suor que lhe escorria frio pelas costas e a exaustão cardíaca, tinha tido outra alucinação. Ah, sangue novamente. Aquilo já estava passando dos limites, todos os dias a mesma coisa, sua mente pregando uma peça em si mesmo e boicotando a relação dos dois. Por longos segundos teve vontade de chorar, não por si, mas pelo sofrimento do amado.
- Amor... - Edward sussurrou, a voz saindo mais sufocada do que esperava, o coração palpitando e o deixando tonto.
Arthur pareceu não ouvir, tampouco desviou o olhar do chão.
- Amor! - Edward chamou mais uma vez, envolvendo o outro com os braços, mas sendo afastado pelo mesmo. Aquilo partiu seu coração, e antes mesmo das lágrimas escorrerem livres, ele correu cambaleante dali, ainda sob os efeitos da alucinação. Tropeçou nos próprios pés, mas logo se recompôs, saindo da casa tentando enxugar as lágrimas.
Andou sem destino, apenas sentindo a dor no peito, odiava ver seu amor evitando-o... e era tudo culpa sua.
As pessoas pareciam ter desaparecido das ruas e Edward vagou sozinho por mais ou menos doze minutos, tentando segurar o choro. Mas não dava: pesava em sua consciência que era um sufocador, um parasita. A imaginação ajudou e o fez pensar em cenas de seu Arthur rindo de uma outra pessoa normal, que não possuía doenças mentais. Cortou a alma mais ainda, só que sorriu mesmo assim, sabendo que ele estaria feliz.
E assim Edward parou, avistando um carro vindo em alta velocidade. A dor dos dois não iria mais perdurar.
Um passo, depois o outro, rapidamente... e a visão do sorriso perfeito de Arthur foi seu último pensamento.