domingo, 20 de dezembro de 2015

Mamãe

Mamãe,
Como você não me protegeu daquele que me abusou e o chama de filho até hoje, eu tirei minhas mãos das suas e corri para o outro lado da rua.
Como você me oprimiu tirando meus sorrisos e escritos que tanto dediquei com a minha alma, eu fugi para procurar uma outra família.
Você me poupou de momentos incríveis, me afastou do meu Criador. O que eu acho tão injusto é que você não faz ideia da gravidade de seus atos e pensa religiosamente que invento as coisas. Mas eu sei muito bem criar um universo e fazer com que ninguém saiba qualquer coisa sobre ele.
Saiba que eu não preciso mais dos remédios que um dia eu tive que tomar por sua causa – porque sim, mais da metade dos meus problemas psiquiátricos se devem a ti -. Meu Criador fez o que quatro psicólogos e dois psiquiatras não fizeram: tirou a escuridão da minha cabeça que você ajudou a impor.
Eu nunca fui influenciado por qualquer meio de comunicação, tudo partiu de mim mesmo. A linguagem corporal é natural. O desinteresse social é natural. O desânimo não é desânimo e sim conservação de emoções. Eu sei que você não me aceita e procura desculpas para mascarar o que está bem à sua frente. Eu sei que você não aceita meu transgenerismo, nem meu asperger. Não aceita que minha dificuldade em matemática não é mera falta de foco e sim a discalculia desencadeada pelo asperger. Você finge muito mal e diz que eu sou o ator da história.
E como você não entende a dor que me traz, eu resolvi me desprender dos seus parâmetros e tirar seu nome do meu.
Não se preocupe, não precisa mais me chamar de nomes que sua mente fantasia serem verdade. Falta pouco para eu limpar meu armário e ir embora.