quarta-feira, 4 de abril de 2012

Espelho, espelho meu...

FLOR
A ninfa Liríope passeava tranquila junto ao rio Cefiso, em cujas margens ninfa alguma podia passar incólume, quando subitamente o rio a enlaçou, e a ela se uniu. Dessa união indesejável nasceu Narciso.
Ao nascer a criança, porém, a mãe rejubilou-se pois era um menino dotado de imensa formosura que certamente seria amado por mortais e imortais. Liríope consultou então o cego adivinho Tirésias para saber o futuro da criança. O sábio respondeu que viveria muitos anos se ele não se conhecesse. O rapaz foi alvo de inúmeras paixões mas permanecia insensível ao amor.
Eco, ninfa das montanhas, que tinha sido privada da fala por Hera e condenada a repetir as últimas sílabas das palavras, apaixonou-se pelo rapaz mas como não podia declarar-lhe seu amor se limitava a seguí-lo. Como Narciso a desprezasse, a ninfa, cheia de tristeza, começou a definhar até que um dia morreu. Nêmesis, deusa da Justiça, foi chamada pelas demais ninfas, que revoltadas clamavam por punição para a frieza do rapaz. A deusa condenou Narciso a viver um amor impossível.
E foi para cumprir-se a maldição que certo dia, ao se aproximar da fonte de Tespias para se refrescar, o belo rapaz viu sua imagem refletida nas águas. Seduzido por sua própria beleza, apaixonou-se por si próprio, permaneceu ali até morrer. Quando foram em busca do rapaz encontraram tão somente uma singela flor à beira da fonte: um narciso.


NARCISISMO
Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Por acasião de seu nascimento, seus pais consultaram o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. A resposta foi que ele teria uma longa vida, se nunca visse a própria face. Muitas moças e ninfas apaixonaram-se por Narciso, quando ele chegou à idade adulta. Porém, o belo jovem não se interessava por nenhuma delas. A ninfa Eco, uma das mais apaixonadas, não se conformou com a indiferença de Narciso e afastou-se amargurada para um lugar deserto, onde definhou até que somente restaram dela os gemidos. As moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las. Nêmesis apiedou-se delas e induziu Narciso, depois de uma caçada num dia muito quente, a debruçar-se numa fonte para beber água. Descuidando-se de tudo o mais, ele permaneceu imóvel na contemplação ininterrupta de sua face refletida e assim morreu. No próprio Hades ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara.

O narcisismo tem o seu nome derivado de Narciso e ambos derivam da palavra Grega narke, "entorpecido" de onde também vem a palavra narcótico. Assim, para os gregos, Narciso simbolizava a vaidade e a insensibilidade, visto que ele era emocionalmente entorpecido às solicitações daqueles que se apaixonaram pela sua beleza. Mas Narciso não simboliza apenas mera negatividade: "o mito de Narciso representa (senão para os gregos ao menos para nós) o drama da individualidade"; "ele mostra, isto sim, a profundidade de um indivíduo que toma consciência de si mesmo" em si mesmo e perante a si mesmo, ou seja, no lugar onde experimenta os seus dramas humanos


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