Então os anjos caíram. Lúcifer com sua legião, Deus com seus arcanjos.
Angelo estava destinado a ir para o céu, era um jovem humano bom, mesmo que o azar
estivesse ao seu lado.
Viu seu corpo deixado de lado, sangrando na calçada. Não sentiu nada na
hora, pelo menos o carro fora gentil. Suas feridas já não mais existiam, olhava
para o céu e a chuva que começara a cair. Sentiu algo se abrindo atrás de si,
algo semelhante a asas brancas, mas era formado de aura.
- Angelo... Nome de anjo... -
ouviu uma suave voz do nada. - Mas você nunca pertenceria a este lugar. Não com
o pacto que fez em sua vida retrasada...
Angelo assustou-se, notou que algo estava muito errado. Uma sensação de
paz instalou-se nele, uma sensação poderosa, quase pecaminosa. A aura branca
tingiu-se de preto, as gotas de água que teimavam em tocá-lo se transformavam
em vapor... thss...
- Leve-me de volta, mestre. -
disse, em pensar. Estas palavras saídas de sua boca do nada não condiziam com
suas lembranças em vida. Então sua visão escureceu.
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Acordou e percebeu que estava sendo carregado por alguém. O clima era
quente, úmido, mas aconchegante e até um pouco nostalgico para Angelo. O lugar
era uma espécie de palácio e ia em direção a um trono vazio. Angelo percebeu
que suas roupas foram trocadas, agora trajava camisa, capa, calça e tênis
negros. Sentia fome também, mas não uma fome comum.
Olhou para quem o carregava. Era um ser andrógino de cabelos e vestes
pretas, olhos claros e cílios longos. Do nada em sua mente um nome apareceu:
"Belial".
- Belial? - Angelo deu sinal de
vida.
- Angelo... nome lindo o seu de
agora... Que bom que acordou. - sorriu. - Por favor, mestre Lúcifer pediu que
você esperasse no trono.
O moreno pulou ao ouvir tal nome.
Como fora parar no inferno?
- Lúcifer...
Angelo percebeu também que usava uma espécie de aliança na mão que
segurava o pescoço de Belial.
- Eu sou casado?
- Hm, vejo que não se lembra de
muita coisa... Você é casado com o Mestre Lúcifer desde sua morte retrasada.
- Mas eu não sou gay... -
relutou.
- Hm... Ok. - depositou Angelo
sobre o trono, sentando-o. Alguma coisa lhe disse para agradecer.
- Obrigado, Belial.
- Você deve estar com fome.
Continua com sede de sangue ou tem medo igual ao Hypnos?
- N-Não sei...
- Vejamos... - Belial pegou algo
gasoso-líquido do casaco, algo branco. Soprou em direção a Angelo, este
intencionalmente puxou tal substância aspirando-a com a boca. Sua fome abaixava
cada vez mais, sentiu sede.
- Estou com sede...
- Vou lhe providenciar... água,
sangue, suco? Outra coisa?
- Traga o que achar melhor.
- Ok... - retirou-se.
Angelo foi deixado sozinho naquela sala, obsersava todos os detalhes.
- ANGEL! - um ser andrógino de
longos cabelos negros, vestes negros e belo adentrou o recinto.
Angelo sentiu seu coração bater mais rápido - ele tem coração -, sua
respiração ficar descompassada, borboletas voando em seu estômago - amor. Nunca
sentira isso por nenhum ser. Então o nome "Lúcifer" lhe veio à mente.
- Lúcifer? - levantou-se com um
desesperado desejo de abraçá-lo.
- Sim... Não ganho um abraço
depois de tanto tempo?
- Sim, claro! - correu para o
abraço. O cheiro exalado daquela pele o embriagou. Seu interior mais do que
nunca estava em paz.
- Meu marido. Meu amor. - disse
Lúcifer. - Depois de 27 anos nos encontramos novamente. 27 longos anos sem
você. Eu nunca esqueci seu rosto, seu cheiro, seus toques, seus beijos, tudo.
- Eu me esqueci, desculpe. -
quase choramingou.
- Normal. Você precisa esquecer
para amadurecer. Mas depois você vai se lembrando... Te amo.
- Eu também te amo... Não lembro
quando nos casamos.
- Foi quando você veio pela
primeira vez ao inferno. No começo não gostei de ti. - soltou Angelo para ver
seus olhos. - Está sempre com esse brilho nos olhos...
- Eu sou o quê aqui?
- Agora és um demônio.
- Mestre...
- Me chame de Lúcifer.
- Amor.
- Bem melhor.
Para o novo demônio foi uma grande surpresa descobrir que era gay e mais
ainda, ser casado com Lúcifer.
- Não entendo... Fui religioso,
minha criação foi voltada a Deus.
- Você não poderia ir para o céu,
tem um pacto conosco. O que o casamento une, ninguém separa, nem a morte.
Belial chegou com um copo.
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