terça-feira, 3 de julho de 2012

3 Serentis Infernalis


Então os anjos caíram. Lúcifer com sua legião, Deus com seus arcanjos. Angelo estava destinado a ir para o céu, era um jovem humano bom, mesmo que o azar estivesse ao seu lado.
Viu seu corpo deixado de lado, sangrando na calçada. Não sentiu nada na hora, pelo menos o carro fora gentil. Suas feridas já não mais existiam, olhava para o céu e a chuva que começara a cair. Sentiu algo se abrindo atrás de si, algo semelhante a asas brancas, mas era formado de aura.
 - Angelo... Nome de anjo... - ouviu uma suave voz do nada. - Mas você nunca pertenceria a este lugar. Não com o pacto que fez em sua vida retrasada...
Angelo assustou-se, notou que algo estava muito errado. Uma sensação de paz instalou-se nele, uma sensação poderosa, quase pecaminosa. A aura branca tingiu-se de preto, as gotas de água que teimavam em tocá-lo se transformavam em vapor... thss...
 - Leve-me de volta, mestre. - disse, em pensar. Estas palavras saídas de sua boca do nada não condiziam com suas lembranças em vida. Então sua visão escureceu.
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Acordou e percebeu que estava sendo carregado por alguém. O clima era quente, úmido, mas aconchegante e até um pouco nostalgico para Angelo. O lugar era uma espécie de palácio e ia em direção a um trono vazio. Angelo percebeu que suas roupas foram trocadas, agora trajava camisa, capa, calça e tênis negros. Sentia fome também, mas não uma fome comum.
Olhou para quem o carregava. Era um ser andrógino de cabelos e vestes pretas, olhos claros e cílios longos. Do nada em sua mente um nome apareceu: "Belial".
 - Belial? - Angelo deu sinal de vida.
 - Angelo... nome lindo o seu de agora... Que bom que acordou. - sorriu. - Por favor, mestre Lúcifer pediu que você esperasse no trono.
 O moreno pulou ao ouvir tal nome. Como fora parar no inferno?
 - Lúcifer...
Angelo percebeu também que usava uma espécie de aliança na mão que segurava o pescoço de Belial.
 - Eu sou casado?
 - Hm, vejo que não se lembra de muita coisa... Você é casado com o Mestre Lúcifer desde sua morte retrasada.
 - Mas eu não sou gay... - relutou.
 - Hm... Ok. - depositou Angelo sobre o trono, sentando-o. Alguma coisa lhe disse para agradecer.
 - Obrigado, Belial.
 - Você deve estar com fome. Continua com sede de sangue ou tem medo igual ao Hypnos?
 - N-Não sei...
 - Vejamos... - Belial pegou algo gasoso-líquido do casaco, algo branco. Soprou em direção a Angelo, este intencionalmente puxou tal substância aspirando-a com a boca. Sua fome abaixava cada vez mais, sentiu sede.
 - Estou com sede...
 - Vou lhe providenciar... água, sangue, suco? Outra coisa?
 - Traga o que achar melhor.
 - Ok... - retirou-se.
Angelo foi deixado sozinho naquela sala, obsersava todos os detalhes.
 - ANGEL! - um ser andrógino de longos cabelos negros, vestes negros e belo adentrou o recinto.
Angelo sentiu seu coração bater mais rápido - ele tem coração -, sua respiração ficar descompassada, borboletas voando em seu estômago - amor. Nunca sentira isso por nenhum ser. Então o nome "Lúcifer" lhe veio à mente.
 - Lúcifer? - levantou-se com um desesperado desejo de abraçá-lo.
 - Sim... Não ganho um abraço depois de tanto tempo?
 - Sim, claro! - correu para o abraço. O cheiro exalado daquela pele o embriagou. Seu interior mais do que nunca estava em paz.
 - Meu marido. Meu amor. - disse Lúcifer. - Depois de 27 anos nos encontramos novamente. 27 longos anos sem você. Eu nunca esqueci seu rosto, seu cheiro, seus toques, seus beijos, tudo.
 - Eu me esqueci, desculpe. - quase choramingou.
 - Normal. Você precisa esquecer para amadurecer. Mas depois você vai se lembrando... Te amo.
 - Eu também te amo... Não lembro quando nos casamos.
 - Foi quando você veio pela primeira vez ao inferno. No começo não gostei de ti. - soltou Angelo para ver seus olhos. - Está sempre com esse brilho nos olhos...
 - Eu sou o quê aqui?
 - Agora és um demônio.
 - Mestre...
 - Me chame de Lúcifer.
 - Amor.
 - Bem melhor.
Para o novo demônio foi uma grande surpresa descobrir que era gay e mais ainda, ser casado com Lúcifer.
 - Não entendo... Fui religioso, minha criação foi voltada a Deus.
 - Você não poderia ir para o céu, tem um pacto conosco. O que o casamento une, ninguém separa, nem a morte.
Belial chegou com um copo.

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