sábado, 15 de setembro de 2012

Carta Psicopata


"Bem, isso não é um conto de terror ou nada parecido, mas talvez, talvez lhe faça pensar. Serei o mais breve possível, vendo que não estou numa situação muito amigável.

Nunca mexi com ninguém, eu era eu mesmo no Ensino Fundamental 1, mas as coisas naquele tempo não eram nada fáceis para mim. Meus colegas me desprezavam totalmente, xingavam, agrediam, eu sempre fui a criança gorda e feia. Não lembro em nenhum momento de ter algum amiguinho sentando do lado, então nada melhor a fazer do que sentar no fundão. Naquele tempo, eu não sabia o que era Bullying e não contava nada pra ninguém, tamanha a inocência. Lembro que gostava muito de rir, sempre sorridente... mas isso foi mudando pouco a pouco... Eu me olhava no espelho e me perguntava se tinha algo errado, será que eu era muito estranho mesmo? Será que eu era chato o bastante para me tratarem daquele jeito? Meus pais não sabiam de nada e eu não via motivos para contar, mas hoje eu sei que devia ter contado. Nunca revidei, nem ao menos sabia me defender, um completo desajeitado.

Cresci mais um pouquinho, percebi que para fazê-los parar pelo menos psicologicamente era preciso formar uma espécie de bloqueador de sentimentos, eu não precisava de amigos, eu conseguiria fazer tudo sozinho sem ninguém pra me encher, comecei a pensar que a individualização me faria crescer e eu não viraria um babaca como meus colegas, seria mais inteligente e calculista. Iriam ver no que eu me tornaria e me respeitariam, mesmo que ficassem com o mais puro medo de mim.
Com mais um pouco de crescimento, o ódio só fez aumentar, nasceu em mim um desejo sanguinário e crepitante como fogo. Minha personalidade ia se moldando como sociopática, os sentimentos se tornavam cada vez mais difíceis de entrar. Meus pais eram superprotetores, o que me deixou inseguro das coisas. Uma mistura doida, eu sei, mas assim fui criado. Minha inocência ia se esvaindo, eu teria então, tendências a matar, principalmente quem havia feito eu sofrer na infância. Mudei minha aparência - o jeito já havia mudado- e de repente as pessoas começaram a gostar de mim e me dei conta que podia tirar proveito de tudo aquilo. Colegas dando em cima de mim, os mais atraentes eu me interessava, manipulava de acordo com os meus desejos facilmente, o amor inexistia, tudo o que eu conseguia sentir era ódio e paixão, nunca amor. Teve um tempo em que cortava os pulsos, mas isso não limparia o mundo. Eu precisava limpá-lo.

Aquele ambiente de hipocrisia, fofocas, preconceito, intrigas, tudo o mais que a humanidade guardava gritantemente. Eu precisava matá-los, precisa proteger os mais indefesos dos mais fortes que repudiavam deles, mais dor e sofrimento seria inadmissível.
Minha frieza chegou a tanto que não me importaria em matar alguém, pelo contrário, me divertiria com seu sofrimento. Eu já não me importava se a pessoa ao meu lado como parceira amorosa estava sofrendo ou não, meu humor mudara para sádico, continuava me revelando como um monstro ou um demônio. Sim, demônio. Meu irmão tinha percebido isso e disse que eu não tinha coração. Na verdade eu me diverti com seu comentário e entendi como um elogio.

Meus planos de varrer a cidade das putas e bêbados era totalmente apoiado pela minha discípula e melhor amiga Alice, ela eu tinha conhecido quando criança, até ela fazia aquelas "brincadeiras" comigo, mas foi diferente, foi a mais leve que já me fizeram e atualmente somos confidentes e com uma relação de "pai e filha". O mais perto que chamam de amor eu senti por ela, para terem uma ideia.

As pessoas se apaixonavam por mim e por meu belo rosto e corpo, atrativos usados como camuflagem, enquanto minha paixão por tortura ia crescendo e se desenvolvendo. Alice me ajudava nas ideias -ela era perita nisso- e eu imaginava diversas mortes. O medo virou divertimento, então eu praticamente não sentia mais medo, e isso era muito bom ao meu ver, estava me tornando poderoso, ninguém poderia me atacar em sã consciência sem ficar paralisado. Eu já raramente ria, não era mais uma criancinha boba e desajeitada, iriam pagar pelo que me fizeram. Eu era sádico, a dor me alegrava e o desejo de matar me acertava em cheio no coração, mas ao mesmo tempo gostava de ser honesto, eu não queria ser comparado ao resto do lixo humano.

Até que eu o conheci por meio de Alice. Ele aparentemente não era ninguém interessante, então pouco me importei.  Quase um ano depois, conversando quando eu não tinha pra fazer pelo Facebook, eu percebi algo diferente aflorando em mim... Como uma bela e meiga flor nascida no meio de uma guerra sangrenta. Foi um completo baque, uma surpresa imensa, eu sabia que era amor, já tinha escutado várias pessoas falando desse sentimento até então desconhecido para mim. Foi harmonia, alegria, tristeza, algo maravilhoso e eu não teria coragem de machucá-lo, manipulá-lo... Pela primeira vez eu fazia questão de ser verdadeiro com uma pessoa e aquele garoto já era tudo pra mim. Eu contei a ele o que estava acontecendo, eu revelei meu comportamento, ele era muito especial, muito perfeito ao meu ver... Dava uma vontade inexplicável de me entregar totalmente, de tratá-lo com todo amor, carinho e respeito e muitas outras coisas sem nome. Eu não queria deixá-lo preso a mim, mas ao mesmo tempo queria que ele fosse só meu, tudo muito confuso... Se ele dissesse para eu parar com ideia homicidas eu parava, se ele dissesse para eu ficar calmo eu me acalmava, mesmo que estivesse a ponto de explodir o universo...

Mas a minha sede de sangue não cessou. E a primeira vítima... Bem...
Meu irmão tinha passado dos limites. Ele e a minha filha Alice tinham brigado mais uma vez, eles não paravam de brigar, um não suportava a existência do outro. Ele reclamou dela, chamou-a de vadia e me falou para parar de falar com ela.

Sabe... Eu consigo tolerar muita coisa, meu auto-controle sempre foi bom, mesmo que os únicos sentimentos que eu conhecesse fosse ódio e paixão -agora amor-, mas chamar A MINHA FILHA de vadia, ou mesmo deixá-la triste ou tratá-la mal, eu explodo no primeiro segundo. Meu irmão já havia chamado-a disso várias vezes, mas eu sempre abria uma discussão em que eu vencia, mas desta vez eu não resisti. Além do mais, ele sempre me irritava, não me faria falta. Ele me empurrou, eu estava cortando um queijo com uma faca e rapidamente cravei-a em seu peito. Sua face expressava o mais puro terror, não acreditava que eu realmente tinha levado-o para a morte. Não conti um sorriso sinistro, gargalhei com o prazer estabelecido e aprofundei a faca ainda mais. Girei-a, tirei-a e cortei o pescoço dele. Ele caiu no chão e nem percebi que tinha lambido o sangue da lâmina.

Corri para fora do nosso apartamento -eu e ele morávamos sozinhos fazia algum tempo- e fui para a rua, onde estou escrevendo isso agora. Bem, moral da história: Sabe o amiguinho que você zoava? Pois é, ele pode virar um monstro por sua causa.Somos todos iguais... Eu quero matar mais... Assinado, Santoriun"

2 comentários:

  1. HAHAHAHAHA ELE MORREU HAHAHAHAHAHAHAHAHA
    Papaizinho, era para ter torturado ele ! Mas você esta de parabens meu papai lindo

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Fala aí, manolo