quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Minha donzela

Aproximei-me do corte no braço de Karen e pedi, com os olhos pidões, para encostar meus delicados lábios famintos sobre sua pele morena.
Ela acenou positivamente com a cabeça, os cabelos azuis movendo-se com o simples movimento.
Quando quebrei o contato visual, pus meus dedos nodosos em seu braço direito macio e levei o corte à boca.
Minha língua tateou a primeira gota de sangue. Sua forma líquida tornou-se uma pesada e sólida barra de ferro que passou pelo meu paladar ansioso até o fundo da minha garganta clemente. E do mesmo fundo, um ronrono ressoou inebriado pelos meus lábios selados em sua pele.
Minha sede sorveu cada gota, até que seu ferimento cicatrizou e recebi tapinhas na nuca simbolizando que devia parar.
Quando dei por mim, encontrei os olhos heterocromáticos de Karen um pouco assustados.
- Está tudo bem... - falei, ainda com o gosto do fluído vital abraçando minha garganta.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Meus pés frios...

Minha mente permeia um muro de solidão fria
Onde os entalhes de tristeza recebem toda a luz do dia
Os arrepios da morte tocam meus ombros doloridos
Uma tinta cinza pinta meus sonhos descoloridos

Meu sangue congela em minha veia
Meu mundo cabe na minha banheira cheia
Meus pés molhados destoam gota a gota
Minha cabeça pende no colo da minha garota

Canto para a morte desde criança
O laço da minha forca é feito com minha trança
Minha voz sufoca o ar que não quer entrar
Meus pulmões reclamam não querendo mais respirar

Minha doença assola minha mente
Tornando-me mero paciente
Envolto em roupas escuras
Tento encontrar meu fim em todas as ruas

sábado, 10 de janeiro de 2015

Hoje eu me senti tão triste...

Hoje eu deitei minha cabeça no travesseiro
E fechei os olhos esperando nunca mais abri-los
As pessoas dizem que eu sou um guerreiro
As portas se fecharam me deixando sem abrigo

Minha mente dá voltas e pulo em um buraco negro
Tenho pena de mim mesmo
Sou como uma lagarta procurando ar fresco

Meu amor é suicídio
Onde mergulho num mar rubro de ondas e desespero
Tento abraça-lo e só consigo me sufocar
Um reino inquebrável de gelo

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Depressão


Está sendo cada vez mais difícil aguentar essa maré. A depressão me atinge tirando todas as minhas forças e alicerces sólidos, logo não tenho chão, apenas uma escuridão infinita no vazio de um mundo repleto de dor.
A vida é uma pressão muito grande para eu suportar. Uma pressão que faz meus pulmões ruírem ao inflar, meu coração doer ao bater.
Há momentos em que eu desabo no chão, puxando meus cabelos e a ponto de chorar compulsivamente. Há momentos em que essa dor só desaparece com cortes, mas para começar tudo de novo outra vez.
Sinto-me no fundo de um oceano, onde eu não consigo subir, apenas descer cada vez mais abissal. Mas não morro, fico entre a vida e a morte.

No final, nem eu sei o que está a acontecer comigo.