sábado, 13 de junho de 2015

Quem é?

Três da madrugada. A casa de repente ficou muito fria. Algo se aproximava perigosamente. Mas as luzes encontravam-se acesas, isso é algo bom, não é?
Não.
A criatura fazia piscar cada lâmpada, obrigando as sombras a engolirem qualquer luz que teimasse sobreviver.
O espelho na sala refletiu os chifres pontudos do ser que acabara de adentrar a casa, e sua forma alta e maligna. O próprio mal, o terror e a desgraça.
No andar de cima, um bebê sentiu a presença do ser e ficou quietinho ali. Parece que sabia que o melhor era fingir que não existia. Sua mãe repousava tranquila no quarto ao lado, vulnerável debaixo do cobertor azulado, sem desconfiar de nada.
Mas a criatura farejou o cheiro de criança e ajeitou a capa negra para subir as escadas sem fazer barulho. Conforme subia, as sombras o acompanhavam, inundando a tranquilidade de caos capaz de enlouquecer qualquer um. O cachorro da casa acordara, no entanto, tremia de medo em baixo do sofá, enquanto torcia para não ser percebido. Sabe como é. O instinto de sobrevivência extrema canta mais forte.
Ele chegou ao topo da escada, o cheiro de criança mais perto. As garras podres abriram a maçaneta do quarto infantil e o bebê ficou em pé no berço para ver quem era.
A criatura se aproximou, sorrindo com aqueles dentes pontudos e fantasmagóricos.
O bebê estendeu os braços e disse "Pa-Pai".

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