quarta-feira, 23 de maio de 2012

Enlouquecendo


Eu estou enlouquecendo
O Tic-Tac do relógio está se arrastando com seus ponteiros
E me ensurdecendo
A luz está queimando meus olhos
E vi algo me observando na parede
Numa esquizofrenia incessante

Eu estou ficando louco
Um declínio de vozes enchem minha mente
Mas alguns dizem que apenas estou carente
Mal sabem o que se passa aqui dentro
Esta casa está rangendo
Minhas ideias estão corroendo

Ouço meu coração batendo contra meus ouvidos
Eu mexo inquieto em meus cabelos
Há lágrimas manchando meu rosto
Eu estou a beira do precipício
E o tal precipício é o meu mundo fantasioso
Ou aquilo no canto do quarto é realmente um homem com uma arma na mão?


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Para meu irmão, Jack Lynar

Círculo vicioso

Eu sou daqueles que bebe sem se importar com os outros
Eu sou daqueles que se apaixona várias vezes por semana
Eu sou daqueles que nenhuma mãe queria para sua filha
Você pode não entender este círculo vicioso
Mas mentiras eu invento e com elas vivo
Em vícios eu nado e com eles respiro

Eu cansei das leis
Crio estereótipos para a população
Vivo o desonesto
Escuto esses ecos
Ecos viciantes...
Ecos da minha própria imprudência
Vivo o desonesto como se não houvesse amanhã
Como se as garotas estivessem desaparecendo do mundo
Como se eu tivesse um tumor no coração

Eu confundo minha cabeça com nicotina
Eu estrago minha vida com álcool
Eu acabo com expectativas neste círculo vicioso
Eu ouço ecos na minha cabeça
Onde estaria meu coração? (provavelmente morto)
Talvez não tenha resistido

Está nevando
Alguém está chorando por mim
Deve ser minha mãe
Pobre mamãe

Eu sou daqueles que bebe sem se importar com os outros
Eu sou daqueles que sempre têm um cigarro no bolso
Eu sou daqueles que se meteu num círculo vicioso...

domingo, 20 de maio de 2012

Infinito...


Eu não consigo viver sem você
Deliro sem teu calor
Sufoco sem ouvir tua voz
Tanto que meu amor por ti é infinito
Doloroso
Doce
Louco
Sincero
Embriaga minha alma de forma imunda e apaixonante
Não dá...
Não dá pra viver sem ti

Minha Droga



Minha droga

Meu entorpecente

De amor me deixa doente

Uma heroína feita especialmente para mim

Fez-me esquecer de outras drogas

Acelera meu coração

Faz minha pele transpirar

Consegue me deixar louco, louco...

Você nasceu para me viciar

E a cada segundo que passa a necessidade aumenta

Eu te amo demais para te largar

Nem a reabilitação é capaz de me salvar

Amor da minha existência

Nascemos um para o outro

Sem você sou incompleto
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Para o meu amor

sábado, 19 de maio de 2012

Chuva...

A chuva me lembra tristeza
Porque faz vir à minha mente
Recordações de lágrimas.
Lágrimas derramadas pela tristeza

Lágrimas derramadas pelo sofrimento
Lágrimas derramadas por alguém
Que se encontra em tormento
Lágrimas que um dia foram sorrisos
Que agora, estão despedaçados
Lágrimas de uma pessoa
Que necessita de carinho, Conforto, amor, amparo
Lágrimas que molham o rosto
E expressam as dores da alma
Lágrimas que um dia
Pararão de escorrer
Que um dia voltarão a ser sorrisos
Que um dia, serão apenas lembranças
Lembranças de todos os momentos...

Mais um escrito pela Lu-chan *¬* Ou seja, tudo lindo, impecável.

Coração Apertado


"Coração apertado Sentimentos trocados Um amor sofrido Um carinho perdido Um sonho para trás deixado Por outros motivos ter continuado Mas nunca ter esquecido..."
--**--
"Vá embora...
Me deixe...

Não te aguento mais aqui
Me atormentando por dentro.

Suma, desapareça
Solte meu coração agora!

Não te quero aqui...
Apenas vá embora!"

--**--
  Escrito por Louise Alves, minha querida Lu-chan, talentosa escritora, a elite que bota seus sentimentos num papel.

Vida como transexual, e a opção sexual?


Nem todos os transgêneros gostam do sexo oposto, mas no meu caso gosto dos dois. Aprendi a respeitar as meninas durante o período no universo feminino, mas nem por isso sei o que se passa na cabeça delas. Hoje penso em talvez no futuro conviver com uma mulher. Suprir as necessidades afetivas dela, dizer se o tal vestido ficou bom ou não, encarar uma TPM e sua preferência pelo chocolate nessa época, ser romântico - acho que não seria homem se não fosse, romantismo pra mim é papel masculino, pra ela ir correndo contar às amigas algo como "ah, ele fez isso e isso pra mim, foi mágico" e deixá-las com inveja -, aquecê-la em momentos frios e carentes, enfim, estarei ali nos momentos chatos também, como quando ela perguntar "estou gorda?" e não deixar eu sair com os amigos... Mas uma vida a dois precisa disso, não? Tolerância, respeito e principalmente amor. Fui muito bem educado pela minha mãe, sempre me ensinando valores, transformou-me num grande homem, ou um Gentleman. Mesmo que pareça muito gay, é assim que sou.
Todavia, nada impede de eu viver com outro homem no futuro, mas é outra história.

Serentis Infernalis


 - Hm... então... qual o motivo da sua morte?
 - Fui atropelado. - Wolf levantou o rosto.
 - Hm... Trágico... - o homem ruivo de cabelos longos continuou a escrever no pergaminho que colocara no palanque.
 - Então este é o inferno?
 - Sim, senhor Wolf. Os anjos estão em greve e vários caíram.
 - Que azar. - Coçou a cabeça. - Então vim para cá por causa da greve?
 - Certamente sim, lembre-se que todos pecam.
 - Quando poderei entrar? - referiu-se aos portões.
 - Quando preencher o formulário. - deu uma folha para a alma.
 - Que opção é essa, "ressuscitar"?
 - Se quiser voltar a vida...
 - De jeito algum! Inferno ou paraíso, a Terra é um lugar terrível!
 - É, todos dizem isso. - ajeitou os óculos.
Wolf começou a preencher o formulário, lendo atentamente os itens.
 - Que dia é hoje?
 - 1. Nada como uma tragédia para adoçar o dia, não?
 - É... - abaixou a cabeça para o papel. - O... Mestre Lúcifer está?
 - Sim, está ocupado... Grande Rei o Lúcifer. - disse, admirado.
 - E o príncipe Belial?
 - Não, está em missão na Terra.
 - Fascinante! - seus olhos brilharam.
 - Normalmente as almas não se interessam pelos Lordes.
 - Eu estudava demonologia em vida.
 - Estudava por quê?
 - Sempre achei interessante.
 - Hmm... Poderia ser secretário de Baal ou Hitler, se sabe tanto sobre nós.
 - Sim, sei, mas não me recordo do senhor.
 - Sou Grell... Shinigami em treinamento.
 - Não imaginei que existissem de verdade.
 - Hehe, tenho que corrigir meu temperamento de forma intensa, Shinigamis gays e pervertidos não são exemplares.
 - Nossa...
 - Eu aprontava muito na Terra... Aah, mas o Sebastian é tão lindo!
 - Ok ok, parando de viadagem. Terminei o formulário. - entregou o papel.
 - Muito bem. - leu os dados da alma.
 - Já posso entrar?
 - Pode...
Ouviu-se um estalo e os portões se abriram majestosos.
 - Que... É tão fascinante! - havia luz nos olhos do Wolf.
 - É, eu sei. Vamos, entre.
A alma caminhou lentamente para dentro do inferno calorento e ao mesmo tempo agradável, cujo ambiente um humano não aguentaria.

Minha sereia

Eu sei que estou afundando
Eu sei que estou afundando
Nesta imensa escuridão
Meu corpo subitamente ganha peso
Para eu não ir atrás de ti novamente
Esta água turva preenche meus sentimentos
Engloba meu ser
E interrompe minha calma respiração
Eu sei que estou me afogando
Eu sei que estou me afogando
Eu sei que estou me afogando em lágrimas caídas
Eu sei que estou esfriando com um coração partido
Eu sei que isso não vale a pena
Resgatado pela própria tristeza
Soldado da própria redenção
Acolhido cá estou
Deteriorando num cenário marinho
Mil desculpas, minha sereia

terça-feira, 15 de maio de 2012

Dia feliz...


Está sendo um dia muito feliz. Minha mãe tinha me chamado para conversar, de início era uma discussão, mas daí chegou uma hora em que ela perguntou o que me apetecia, que era para eu contar tudo para ela.
Eu subitamente comecei a chorar. Expliquei o meu sonho de ser menino. Ela incrivelmente aceitou. Eu me tornei mais sensível a partir daquele momento e nossa relação mãe-filho melhorou, pois eu já não reprimia meu sentimento para com ela.
À noite fomos conversar com o meu tio, que é médico -ginecologista e obstetra-. Ele disse para eu crescer mais um pouquinho para ver se é isso mesmo que eu quero, porque minha mente ainda não é amadurecida, e eu entendo isso. Também compreendo e sempre venho dito isto a mim mesmo.
Agora não sei quando contar ao meu pai, mas um dia ele terá que saber.
Minha mãe ainda não aceita que eu me chame de "ele", o que me reprimiu bastante, o carinho estabelecido dissipou-se muito e eu comecei a chorar longe dela. Quando voltei discutimos um pouco sobre isso e eu me senti pior ainda. Ela com certeza tem esperanças de que seja algo APENAS da minha cabeça, ou seja, vai passar pois segundo ela eu sou altamente influenciável, o que é mentira. Minha única influência é de não seguir nenhuma.
O que eu faço? Estou sofrendo apesar de tudo. Eu quero esconder esses seios enquanto ainda não faço nenhuma cirurgia, eu me amo, mas não amo as partes femininas. Eu quero usar roupas masculinas, nunca mais ter que ouvir palavras referidas a mim no feminino... quero me abidicar deste universo para sempre, não me sinto bem.

23ºEncontro com o medo



Toquei a campainha daquela antiga casa. Afastei-me um pouco quando percebi que a porta seria aberta.
Um homem de mais ou menos 25 anos apareceu. Tinha um porte atlético, olhos amendoados e cabelos castanhos. Sua pele não se diferenciava da minha, era um cara bonito, mas com um ar frio.
 - Bom dia... - ditei.
 - Você é o Diego? - indagou, analisando-me de cima a baixo. Sua voz era firme e grossa, mas me passava segurança.
 - Sim. Você deve ser o...
 - Harry, mas todos me chamam de Rex. - um grande cachorro surgiu atrás dele, com as mesmas características do dono: grandes e espessos pelos castanhos e olhos amendoados. Esses lobisomens estão brotando de tudo quanto é lado...
 - Posso entrar?
 - Claro. Seu lobisomem bateu na minha porta ontem e me explicou tudo. - entrou, eu o segui.
A casa era de fato antiga, o piso de madeira empoeirado. Ele me guiou até o quarto, onde havia  uma cama de solteiro com um lençol branco, paredes com um tom bege. No canto havia uma escrivaninha de mogno e cadeira do mesmo material. Tinha uma janela na frente da cama.
 - Sobre o que exatamente eu vim tratar? - indaguei.
 - Sheldon não lhe explicou? - o lobisomem saltou na cama, aninhando-se com o rosto na minha direção. A voz dele era ainda mais grossa e firme que a de Rex.
 - Não. Ele nunca me fala nada.
 - Junior... deixe que eu falo. - disse o moreno, convidando-me para sentar na cama. - Eu não consigo lhe descrever... Eu nunca consegui me recuperar do acontecido... - sentou-se na cadeira.
 - Então...?
 - Eu escrevi o que aconteceu depois que consegui fugir. Guardo até cicatrizes do passado.
 - Mostre-me então. - pedi.
Ele tateou até uma gaveta da escrivaninha e pegou uma folha de papel antiga. Entregou-me com as mãos trêmulas.
 "Já estou deitado há horas. São 5:10 da manhã agora e não há nada que eu possa fazer.
 Estou no mesmo quarto que meus pais. Eles ficam olhando para mim e não posso fazer nada senão olhar de volta e me segurar para não chorar ou gritar. Há um cheiro forte de sangue no ar e estou paralisado de medo.
 A coisa está aqui. O momento em que eu apresentar qualquer sinal de que não estou dormindo mais, estou condenado. Vou morrer e não há ninguém por perto para me salvar.Pensei em uma forma de fugir mas a única ideia que eu tive foi alcançar a porta de entrada e sair correndo pedindo ajuda. Esperando que algum vizinho possa me ouvir. É arriscado, mas se eu ficar aqui, com certeza vou morrer.
 Ele está me esperando acordar e ver sua obra-prima.
Você deve estar se perguntando o que está acontecendo. Eu mesmo me pergunto isso às vezes.
Há três horas atrás...
Eu ouvi um grito do outro lado da casa.
Levantei e fui checar para ver o que foi aquele som, quando olhei para fora da porta do meu quarto, vi sangue no carpete.
Fiquei muito  assustado e corri de volta para minha cama, me escondendo sob os lençóis.
Tentei me forçar a voltar a dormir, e que tudo não se passava de algum sonho realístico ou algo assim.
Mas escutei a porta do meu quarto se abrindo. Como a criança assustada que eu era, espiei por debaixo dos lençóis para ver o que era. Pude ver alguma coisa arrastando meus pais mortos para dentro do quarto. Não era humano, isso eu posso dizer.
A coisa colocou meus pais na beira da minha cama e os fez me encararem. Depois começou a esfregar as suas mãos contra as paredes, manchando-as com sangue. Depois desenhou um círculo com o pentagrama do diabo dentro. O resultado poderia ser chamado de obra-prima.
Para terminar, escreveu uma mensagem na parede que eu não conseguia ler no escuro.
A coisa então se posicionou sob minha cama, esperando para atacar.
A parte mais assustadora é que meus olhos já se acostumaram com a escuridão desde então e agora posso ler a mensagem na parede. Não quero olhar pra ela, porque é assustador pensar nisso.
Mas eu sinto que preciso ver isso antes de morrer.
Espiei a obra-prima da criatura.
'Eu sei que você está acordado'"
(http://docepsicose.blogspot.com.br/2012/05/obra-prima.html)
Olhei para frente, Junior havia sentado perto de Rex.
 - E o que aconteceu depois? - indaguei.
 - Aqui está. - entregou-me outro papel, igualmente antigo.
 "Eu pensei que a criatura tinha avançado, mas algo avançou na criatura, saltei com isso, mas não gritei, apenas fiquei tentando o que se passava.
Com meus olhos acostumados com o escuro, pude fitar não uma, mas duas criaturas. Uma delas, com aparência andrógina e cabelos negros caindo até a cintura havia saltado contra a primeira, de aparência irreconhecível, pois a segunda estava encima.
Era a minha chance de fugir, enquanto todos estavam distraídos. Empurrei o lençól e pulei para fora da cama, fazendo barulho.
Corri até a porta, mas algo arranhou minha barriga, rasgando meu pijama. Senti uma dor excruciante tomando conta de mim, uma ferida tinha sido aberta. Pude ver que o agressor fora arremessado para longe de mim pela figura andrógina, que me empurrou para fora do quarto e ficou para lutar contra a primeira criatura.
Um enorme alívio tomou conta de mim, apesar de minhas pernas ainda estarem bambas. Corri desesperadamente para fora de casa, pisando em sangue. Bati com toda a força na porta do vizinho, que demorou um pouco para abrir. Ele viu meu estado e rapidamente tomou providências, a polícia foi chamada.
Vi o meu ferimento, o arranhão era de uma unha desumana, imensa e felídea, digamos assim. A mulher do vizinho cuidou disso.
A polícia chegou com um colar de pentagrama para mim. Eles disseram que não seria legal eu olhar novamente a casa.
Cá estou, relatando o acontecido enquanto as memórias estão assustadoramente vívidas em minha cabeça."
 - Você foi ver o que havia na casa? - perguntei.
 - Sim... Eu ultrapassei as faixas, entrei no meu quarto, os corpos tinham sido retirados. Vi na parede a obra-prima da criatura, e também mais traços de sangue na parede, como se tivessem lutado violentamente ali. Hoje eu tenho apenas uma pista de quem tinha sido meu salvador naquela noite, mas eu ainda quero respostas.
 - E quem você acha que foi?
 - Lúcifer.

domingo, 13 de maio de 2012

22ºEncontro com o medo


- ABRE! - berrei. - ABRAM A PORTA!
 - DIEGO! - minha mãe falava. - SAIA DAQUI!
 - NÃO! - respondi.
 - Deixa comigo. - disse Lucy. Um brilho rosado em seus olhos fluiu também em sua mão, que estendeu-se até a maçaneta e esta abriu-se.
Entrei exasperado no quarto, meu pai retorcia-se descontroladamente como em um ataque epilético no chão, eu não tive reação. Mamãe encolhia-se no chão perto da cômoda abraçando os joelhos, seus olhos estavam visivelmente molhados.
 - O que eu faço, Lucy? - indaguei, rapidamente.
 - Eu não sei! - respondeu, preocupada. - Ben!
 - Ben?!
 - Ele está ganhando poder!
 - Não podemos fazer nada, então?
 - Você pode tentar entrar!
 - Espere um pouco, por favor! - corri para o meu quarto.
Peguei a chave e abri o baú. Retirei a adaga e me pus a correr até o cômodo anterior. Lucy se ajoelhara, parecia estar em um estado de meditação, seus cabelos levitavam tremelusentemente.
Sem me dar conta, minha visão escureceu e eu logo fui levado a um lugar sombrio, sem qualquer resquício de luz. Mais importante, eu fiquei com medo e sabia que aquilo atrairia coisas piores. Minha mente começou a imaginar vultos, mãos vindo na minha direção e tudo o que de mais parecia sair de contos de terror. Fiquei desse jeito por um bom tempo, sentindo calafrios na espinha e meu cérebro latejando de desespero, não conseguia pensar direito. E o que mais me deixou apavorado foi o frio que começava a se instalar. Minhas costas esfriavam e meus ouvidos se aqueciam. Suei com as mãos tremendo, daí lembrei da adaga que eu apertava com força pelo cabo, isso me deu forças para prestar atenção, nada me machucaria se eu estivesse apegado àquela faca.
 - Nos encontramos novamente... - tentei declarar uma conversa.
O que eram segundos pareciam minutos se arrastando, eu esperava uma resposta.
 - Eu sei que está com medo... - a voz que misturava tudo de ruim, choros, gritos, ruídos ecoava agora de todos os lugares. Engoli em seco. - Eu estou ganhando força.
 - Eu percebi. Não precisa machucar minha família para conseguir isso...
 - Preciso sim. Além do mais... meus objetivos mudaram desde o início disso tudo. Antes eu até me importava contigo, mas agora...
 - Não quero saber disso.
 - Tudo bem, eu só quis te chamar a atenção. Seu pai tem uma mente muito vulnerável, está muito preso à realidade.
 - Isso é mal?
 - Ele está esquecendo de sonhar, meu caro.
Não sei por quê, mas senti que Ben sorria. Logo algo me esmagava pelos lados, eu comecei a gritar.
 - HAHAHAHAHA - ele ria feito louco.
 - POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? - berrei.
 - Porque me diverte...
Eu não queria mais sentir aquela dor, e num ímpeto avancei com a adaga para frente, pareceu que eu tinha cravado-a em algo. A dor cessou.
                                                                     ...
 - Diego? - abri os olhos e dei de cara com Sheldon na forma humana, seus olhos voltaram ao normal.
 - Sheldon... - levantei-me.
Eu repousava na minha cama, a adaga estava no chão. Suspirei.
 - Está tudo bem. - a voz de Lucy chegou aos meus ouvidos, aliviei-me com ela.
Ao lado de Lucy havia um lobo - ou loba? - branco de olhos azulados, um pouco menor que o meu lobisomem.
 - Quem é...? - indaguei.
 - Unova. - a loba respondeu, com uma voz suave e mesmo assim impactante. Ficou óbvio que era feminino.
 - Assim como Sheldon, Unova é minha... lobisomem. - explicou Lucy.
 - O que aconteceu com a Kuchisake-Onna? - voltei a perguntar.
 - Eu dei um jeito nela... - disse Sheldon.
Percebi que já estava de dia, a luz do sol atravessava a janela.
 - Que horas são? - perguntei.
 - 7 horas. - respondeu Unova.
 - Hm... - grunhi. - Vou comer alguma coisa... Cadê meus pais?
 - Saíram. Sua mãe levou seu pai ao médico. Não faz muito tempo.
Desci as escadas, enfraquecido.
Cheguei à cozinha, abri a geladeira e peguei uma maçã, ultimamente só estava comendo coisas saudáveis.
Sheldon chegou logo depois, na forma canina.
 - Oi... - acariciei seus pelos. - Eu queria saber se realmente sou o único nesta situação.
 - Sinceramente não sei ao certo.
 - O que acontece se caso Ben vencer?
 - Ele vai continuar a atormentar esta casa, mesclando-se nas sombras e assombrando os residentes na noite. Sabe quando você está no escuro, quase pra dormir e de repente ouve um estalo que não sabe da onde veio ou vultos que desaparecem rapidamente no mesmo instante que você olha?
 - Sim...
 - Pois então... ninguém sabe ao certo, mas alguns acham que são pequenos demônios ou espíritos. Eles estão lá para te atormentar, e se Ben vencer ele vai fazer parte dessa ordem, só que mais prolífero.
 - Estou cansado no momento, muitas coisas aconteceram num curto espaço de tempo...
 - Tudo bem, eu entendo. Mas uma última coisa... eu tenho mais alguém para te apresentar.

domingo, 6 de maio de 2012

21ºEncontro com o medo


Com o dinheiro que eu estava acumulando fazia anos, consegui pagar alguns contatos para que fizessem uma varredura no casarão dos espelhos. Eu começaria a cumprir com a minha promessa.
 - Então, o que vamos fazer hoje, Sheldon? Lucy? - indaguei, largado no sofá.
 - Nem pensei nisso... - o lobisomem se espreguiçou com um bocejo.
 - Tenho uma ideia... - disse Lucy, levantando a mão.
 - Diga... - falei.
 - Vamos atrás da Kuchisake-onna... Quero ver quem ela é de verdade...
 - Quem é essa? - perguntei, sentando-me.
 - Dizem que aparece como uma mulher com fissura imensa na boca. Na rua ela vem com um lenço escondendo a ferida, te pergunta se a acha bonita. Se você responder não, ela te mata. Se responder sim, ela tira o lenço e pergunta mais uma vez. Se responder afirmativamente ela te mata por achar que você está mentindo, se responder negativamente te mata. O aconselhável é responder "talvez" ou "mais ou menos", daí a Onna vai ficar confusa e dará tempo pra você fugir.
 - Ok, agora estou com medo de sair na rua à noite... Mas como ela conseguiu a fissura?
 - O marido da mulher era muito ciumento, um dia a encontrou conversando com o vizinho e se enfureceu. Horas depois disse que ia pegar algo na cozinha e voltou com uma tesoura.
 - Então vamos... - declarei, esbaforido.
Lá fora a Lua mostrava todo seu esplendor, bela como pérolas ao céu acompanhada de estrelas que aumentavam sua beleza.
 Com as mãos nos bolsos, fui caminhando até a esquina, seguido de Lucy e Sheldon.
 - Minha vida não poderia ser normal, não? - indaguei de repente.
 - Não, você foi o culpado disso tudo. - eles disseram em uníssono.
 - Ok.
Havia umas prostituas logo a frente, uma luz fraca iluminava a rua. Uma delas, de cabelos ruivos e roupas minúsculas aproximou-se, de fato era bela.
 - Desculpe, não quero nada... - falei.
 - Huhuhu, não me reconhece?
Gelei. Olhei para trás, Sheldon tinha os olhos azulados, o que me assustou mais ainda.
 - Succubus... Mal sinal... - ditou ele. - Você é uma personificação da Dama Vermelha...
 - Acertou, lobisomem... Sua Lua está brilhante... Mas no momento quero perguntar se quer um programa.
 - É óbvio que não. - intrometeu-se Lucy. Ela não sofria encantos femininos.
 - HAHAHAHA - a personificação riu. - Queria mesmo avisar que não é Kuchisake-onna que vai assombra-los esta noite. - crispou seus lábios vermelhos.
 - O que quer dizer com isso? - perguntei.
 - Tenho que ir. - ela se foi, junto com suas outras amiguinhas pra Deus sabe onde.
Então de repente a rua ficou escura, a luz se apagara. As prostitutas antes presentes não deram sinal de vida, parecia que nunca estiveram ali.
Tudo esfriou, Sheldon ainda detinha os olhos azulados, que por sinal, brilhavam bastante na escuridão.
 - Por que está assim? - indaguei.
 - Segredo. - respondeu.
Bufei.
Lucy de repente começou a tremer, lágrimas acendiam seu olhar.
 - O que foi? - perguntei.
 - O-O-Olhem... - apontou, o dedo tremendo muito.
Olhei para onde estava apontando, e meus pelos se eriçaram.
Vinha uma jovem de olhos puxados, tinha um lenço cobrindo abaixo do nariz. Ela trajava um Kimono branco floral, segurava algo atrás de si.
Esperamos ela se aproximar, eu abracei Lucy para conforta-la.
 - Vocês me acham bonita? - então perguntou, há menos de um metro de nós.
 - Sim. - respondeu Sheldon.
Ela então tirou o lenço. Nos horrorizamos com o que havia ali, uma fissura enorme, rasgando suas bochechas.
 - E agora?
 - Você continua linda, tenha certeza disso. Nunca vi alguém mais linda. Quer casar comigo? - olhei incrédulo para o lobisomem, ele parecia ser sincero, Lucy fez o mesmo.
A Kuchisake-onna arregalou os olhos, ouvimos um som metálico no chão. Olhei rapidamente para a origem do barulho, uma imensa tesoura havia caído. A fissura começou a desaparecer, suas bochechas reapareceram, sua boca restituiu-se delicada e bela. Era uma linda moça japonesa, aparentava 20  e poucos anos.
 - Lucy, Diego, vão. - disse ele.
 - Vamos... - Lucy me puxou para a direção de casa.
Andei receoso, o que aconteceria com Sheldon?
Fiquei pensando nisso, confuso. Cheguei em casa repentinamente, não fomos tão longe.
 - AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH - era meu pai.
Eu e Lucy corremos para o andar de cima, tentando abrir a porta do quarto dos meus pais.
 - PARE POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO! - era minha mãe.