domingo, 13 de maio de 2012
22ºEncontro com o medo
- ABRE! - berrei. - ABRAM A PORTA!
- DIEGO! - minha mãe falava. - SAIA DAQUI!
- NÃO! - respondi.
- Deixa comigo. - disse Lucy. Um brilho rosado em seus olhos fluiu também em sua mão, que estendeu-se até a maçaneta e esta abriu-se.
Entrei exasperado no quarto, meu pai retorcia-se descontroladamente como em um ataque epilético no chão, eu não tive reação. Mamãe encolhia-se no chão perto da cômoda abraçando os joelhos, seus olhos estavam visivelmente molhados.
- O que eu faço, Lucy? - indaguei, rapidamente.
- Eu não sei! - respondeu, preocupada. - Ben!
- Ben?!
- Ele está ganhando poder!
- Não podemos fazer nada, então?
- Você pode tentar entrar!
- Espere um pouco, por favor! - corri para o meu quarto.
Peguei a chave e abri o baú. Retirei a adaga e me pus a correr até o cômodo anterior. Lucy se ajoelhara, parecia estar em um estado de meditação, seus cabelos levitavam tremelusentemente.
Sem me dar conta, minha visão escureceu e eu logo fui levado a um lugar sombrio, sem qualquer resquício de luz. Mais importante, eu fiquei com medo e sabia que aquilo atrairia coisas piores. Minha mente começou a imaginar vultos, mãos vindo na minha direção e tudo o que de mais parecia sair de contos de terror. Fiquei desse jeito por um bom tempo, sentindo calafrios na espinha e meu cérebro latejando de desespero, não conseguia pensar direito. E o que mais me deixou apavorado foi o frio que começava a se instalar. Minhas costas esfriavam e meus ouvidos se aqueciam. Suei com as mãos tremendo, daí lembrei da adaga que eu apertava com força pelo cabo, isso me deu forças para prestar atenção, nada me machucaria se eu estivesse apegado àquela faca.
- Nos encontramos novamente... - tentei declarar uma conversa.
O que eram segundos pareciam minutos se arrastando, eu esperava uma resposta.
- Eu sei que está com medo... - a voz que misturava tudo de ruim, choros, gritos, ruídos ecoava agora de todos os lugares. Engoli em seco. - Eu estou ganhando força.
- Eu percebi. Não precisa machucar minha família para conseguir isso...
- Preciso sim. Além do mais... meus objetivos mudaram desde o início disso tudo. Antes eu até me importava contigo, mas agora...
- Não quero saber disso.
- Tudo bem, eu só quis te chamar a atenção. Seu pai tem uma mente muito vulnerável, está muito preso à realidade.
- Isso é mal?
- Ele está esquecendo de sonhar, meu caro.
Não sei por quê, mas senti que Ben sorria. Logo algo me esmagava pelos lados, eu comecei a gritar.
- HAHAHAHAHA - ele ria feito louco.
- POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? - berrei.
- Porque me diverte...
Eu não queria mais sentir aquela dor, e num ímpeto avancei com a adaga para frente, pareceu que eu tinha cravado-a em algo. A dor cessou.
...
- Diego? - abri os olhos e dei de cara com Sheldon na forma humana, seus olhos voltaram ao normal.
- Sheldon... - levantei-me.
Eu repousava na minha cama, a adaga estava no chão. Suspirei.
- Está tudo bem. - a voz de Lucy chegou aos meus ouvidos, aliviei-me com ela.
Ao lado de Lucy havia um lobo - ou loba? - branco de olhos azulados, um pouco menor que o meu lobisomem.
- Quem é...? - indaguei.
- Unova. - a loba respondeu, com uma voz suave e mesmo assim impactante. Ficou óbvio que era feminino.
- Assim como Sheldon, Unova é minha... lobisomem. - explicou Lucy.
- O que aconteceu com a Kuchisake-Onna? - voltei a perguntar.
- Eu dei um jeito nela... - disse Sheldon.
Percebi que já estava de dia, a luz do sol atravessava a janela.
- Que horas são? - perguntei.
- 7 horas. - respondeu Unova.
- Hm... - grunhi. - Vou comer alguma coisa... Cadê meus pais?
- Saíram. Sua mãe levou seu pai ao médico. Não faz muito tempo.
Desci as escadas, enfraquecido.
Cheguei à cozinha, abri a geladeira e peguei uma maçã, ultimamente só estava comendo coisas saudáveis.
Sheldon chegou logo depois, na forma canina.
- Oi... - acariciei seus pelos. - Eu queria saber se realmente sou o único nesta situação.
- Sinceramente não sei ao certo.
- O que acontece se caso Ben vencer?
- Ele vai continuar a atormentar esta casa, mesclando-se nas sombras e assombrando os residentes na noite. Sabe quando você está no escuro, quase pra dormir e de repente ouve um estalo que não sabe da onde veio ou vultos que desaparecem rapidamente no mesmo instante que você olha?
- Sim...
- Pois então... ninguém sabe ao certo, mas alguns acham que são pequenos demônios ou espíritos. Eles estão lá para te atormentar, e se Ben vencer ele vai fazer parte dessa ordem, só que mais prolífero.
- Estou cansado no momento, muitas coisas aconteceram num curto espaço de tempo...
- Tudo bem, eu entendo. Mas uma última coisa... eu tenho mais alguém para te apresentar.
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