quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Eu não estou embriagado.

Eu o puxei para perto de mim, ninguém se importava, mas todos podiam ver. Estávamos sob uma luz escura e laranja naquela boate. A música do Black eyed peas tocava e traduzia tudo o que eu queria dizer.
Ele ficou parado, olhando para frente, talvez achando que eu estava bêbado, tentando se convencer de que eu estava chapado, que tudo ficaria bem. Afinal, eu o abracei por trás encostando o nariz em sua nuca.
Tenho certeza de que sou o único a sentir o perfume único e viciante que provinha de sua pele. Era um perfume que cada pessoa tinha, mas que apenas o apaixonado sentia, uma evolução humana útil. Uma mágica que tendia a não ser recíproca.
Não aguentei e descansei minha cabeça em seu ombro. Estava totalmente embriagado com seu cheiro. Era onde eu queria estar o tempo inteiro. Quanta infelicidade.
- Você... Você é uma droga. E eu te amo. - murmurei, soltando-o.

Apegado às lembranças

Era um sem nome, sem esperanças
Andava na grama, em companhia de crianças
Tudo o que ele queria era ser como elas, afogado em lembranças

Sozinho, vivia rindo
Na esperança da morte estar vindo
E o alívio da dor que estava sentindo

Suspirando, vagando em direção ao mar
Para na água poder mergulhar
E nunca mais voltar a respirar

Eu devia amar como os outros amam

Eu vou matar você
Sem dar chance pra se esconder
Eu não ligo se me prender
Meu amor, eu não consegui te esquecer

Eu devia te amar como te amava
Eu sou um louco que precisa do seu amor
Lembro que quando abria a boca eu me calava
Sua morte é minha cura
E minha dor

Você me mesmeriza
Mas acho que deve correr
Você é a dor que me agoniza
E por isso tem que morrer

Enterre uma faca no meu peito
Que não vou reclamar
Fico até sem jeito
Porque foi um pecado te amar

O Patrão

Eu não posso conviver com isso
Eu não posso viver com a sua morte
Se eu estivesse lá poderia te proteger
Mas não se preocupe, senhor
Eu não tenho medo de morrer
No céu, no inferno, sua companhia vou seguir

Não lembro quando fechei a janela
O sol queimava os olhos dela
E eu a protegi desde então
Ambos estamos tristes
Aceite minhas flores e este cartão

Grafitamos o muro com seu nome
Ela correu para o banheiro com lágrimas sem conter
Segurei em sua mão e ouvi o senhor dizer
Cuide dela, pois não pode me ouvir
Me desculpe, senhor, não precisa nem pedir

Ele continua sem se importar
Andando em círculos sem parar num lugar
Às vezes tudo o que eu queria era morrer
Mas o senhor mais uma vez ordenou ao tempo para me prender
Às vezes tudo o que faço é obedecer
Às vezes tudo o que faço é proteger

Eu canto dos seus lábios para ela dormir
Ela o ama muito, comecei a perceber
Mas depois ela vai ver
Que tenho o dom de desaparecer

Às vezes tudo o que eu queria era voltar no tempo
... E ainda quero voltar
Às vezes eu me recordo de que quem me protegia de mim mesmo
Era o senhor
Às vezes ela só quer desabafar
E eu juro que não quero me aproveitar

Ela dormiu querendo chorar
Uma história fui lhe contar
Para que pela madrugada ela não pudesse gritar
Às vezes eu tenho certeza de que ela só faz te amar

Então, Andy, você vai para o aniversário?

Andy desembaçou o espelho do banheiro, os olhos azuis brilhavam foscamente. Seu coração batia nervoso e uma falta de ar apossou seus pulmões, mas não era hora de voltar atrás numa decisão tão importante.
O vocalista vestiu-se e perfumou-se como de costume (preto e lavanda), não falaria nada a ninguém sobre sua saída, mas todos já sabiam o que aquela data representava.
Pegou o carro e dirigiu calmo, prestando atenção à sinalização e às pessoas que passavam. Olhou para o lado e avistou uma loja de animais e uma gaiola com coelhos. Suspirou pesadamente. A dor alojou-se em seu coração.
Quando chegou até a casa olhou para o banco de trás e pegou o envelope. Apertou o papel contra os dedos receoso, ainda havia uma coisa que precisava pegar do banco de trás, uma pipa engenhosa estampada com o símbolo do Nirvana. Afinal, aprendera com ele a gostar de pipas, e graças às suas habilidades recém-descobertas, soube fazer uma em seus próprios moldes. Pelo menos agora o autismo brando servira para algo, mas isso não importava. O envelope continha poucas declarações, apenas um feliz aniversário. Andy sabia que o outro era demasiado esperto para entender.
Após deixar os itens silenciosamente, voltou para o carro... E para a vida monótona de sempre.

Luto - Lad

Tudo o que eu queria era te levar para casa
Na segurança da sua família
Debaixo da minha asa
Mas você teve que ir tão rápido como um pássaro

Você perdeu a cabeça muito velho
Mas seu coração continua quente e pulsante dentro de nós
Seu sério arrogante

No seu último segundo
Ouvimos ele gritar e quase desabar
Foi quando sentimos você deixar este mundo
E nós mesmos

Você nunca foi a pessoa perfeita
Mas foi aquela que nos protegeu da loucura bem feita
Você sempre olhou nos meus olhos
Mas eu nunca quis desviar dos seus

Tudo o que eu queria era ouvir você me chamando de puro e casto novamente
E sentir seus braços me acolhendo num estado amável
Eu nunca fui de ser carente
Mas você bagunçava meus cabelos num ato afável

E agora como poderei dormir
Sem seu olhar poder sentir
Por que você teve que tão rápido ir?

Por que quando vemos a pessoa que amamos o tempo parece travar na paz?

- Filha? Por que quando vemos a pessoa que amamos o tempo parece travar na paz?
- Porque a pessoa é tão maravilhosa que consegue fazer o tempo parar mas ao mesmo tempo passar tão rápido que horas parecem minutos
Passei anos e anos descobrindo mágicas cada vez mais poderosas, uma fazia o tempo parar, outra fazia a alegria surgir do nada. Fui muito burro em gastar tanto tempo. Só agora eu fui perceber que a maior e mais poderosa magia está aqui do meu lado. A magia em que você me prendeu. O amor.

Aquele que sempre ousa lhe salvar

Dias iguais
Noites iguais
E você está fodidamente entediado
O paraíso pode estar distante

Ah, vida
O que mais pode me dar
Neste círculo vicioso
E cubicular?

Há muito tempo o ar virou obrigação
Não tenho mais forças para brigar com meu pulmão
Grande reclamação se ouve quando ouso gritar
As pessoas olham e voltam a andar

A morte chega e senta ao meu lado
Com seu capuz não consigo enxergar
Os seus olhos frios a me fitar
Ela vem apenas para lembrar que sou um mero derrotado

Sem jamais me levar
Eu tentei várias vezes lhe beijar
Ela ria e começava a se afastar
"Você não tem coragem de se matar
Com aquele que sempre ousa lhe salvar"