sábado, 10 de março de 2012

18º Encontro com o medo


Fui para o 4º quarto do casarão, e me deparei com uma biblioteca empoeirada com odor de coisa velha.
Havia estantes médias cheias de livros, uma coisa simples mas sofisticada. Tinha três poltronas na frente da primeira estante e uma mesinha no meio.
Sheldon mal entrou e começou a espirrar, então achei melhor que ele ficasse do lado de fora.
Analisei cautelosamente os títulos dos livros ali guardados, com a esperança de que algo pudesse ajudar. Passei os dedos nas capas empoeiradas, tirei um chamado "Suicídio" e folheei. Parecia mais um livro normal e empoeirado até a alma, mas um papel dobrado caiu no chão enquanto folheava. Abaixei-me para pegar e logo desdobrei e comecei a ler.
 "É impossível continuar nessa casa, estou louco! Louco! Mas como esta carta é de suicídio, acho que devo informar o motivo da minha loucura.
Faz um mês que resido neste casarão, mas desde que cheguei coisas estranhas estão acontecendo. Hoje uma faca voou em meu braço e eu decidi que não deixaria mais nada me perturbar... hehehe... eles não vão me pegar... hehe... Eles te rastream pelo medo... e eles estão me observando agora... hehe... Vou pegar uma espingarda e atirar em meu cérebro... hehe... eles estão felizes... felizes... estão cantando... eles conseguiram se infiltrar na minha cabeça... hehe... eles estão sorrindo... olhando pra mim... não se preocupem crianças... mamãe vai queimar vocês, mas se o fogo não der jeito eu... vou matá-las... e enterrá-las no mato... hehe... estão cantando... eles querem minha alma... hehe... vejo sangue nas paredes... está escorrendo por todos os lugares... as paredes estão começando a se mexer agora... acho que chegou a minha hora..." - dobrei o papel e guardei no bolso.
 - CUIDADO DIEGO! - Sheldon gritou.
Olhei para cima, um livro grossão voou na minha testa e eu caí. Acho que ficou escrito "Bíblia" na minha cara de tão forte que veio. Levantei cambaleante, antes que mais livros fossem jogados em cima de mim.
Então a estante à minha frente começou a balançar na minha direção, derrubando os livros no chão a centímetros de mim. Antes que ela caísse, corri para fora, jogado por mais um livro pesado que nem tijolo. A porta se fechou assim que eu caí fora e Sheldon me ajudou a levantar.
 - Seja o que for, temos que continuar. Esse casarão já deixou uma pessoa louca e a levou ao suicídio. - Ditei a ele, caminhando para a próxima porta.
Mas antes que pudesse andar mais, a próxima porta se abrira num estalido, revelando uma mão ossuda e pálida saindo e revelando um corpo catavérico. A cabeça não tinha pele, era apenas o crânio cinza e assustador. Não havia olhos, apenas uma profundidade de potridão. Usava um vestido branco com bordados dourados na barra. Parecia querer pegar algo.
Senti meu coração martelando contra minhas costelas, larvas acabaram por sair de sua boca, fazendo eu correr para o outro quarto.
 - GAAAAANN - o cadáver grunhiu. Ouvi ainda, barulho de correntes demarcando seus passos cada vez mais próximos, cada vez mais perigosos indo de encontro ao meu ser.
 Olhei desesperadamente para Sheldon, que infelizmente também detinha desespero estampado nos olhos e na respiração ofegante.
 - O que vamos fazer? - indaguei rapidamente.
 - Espere aqui, não deixe ela entrar... segure a porta. - foi para o outro lado do quarto.
Projetei todo o peso do meu corpo contra a porta, escutando o barulho das correntes se aproximando. Meu coração já martelava contra meu pomo de Adão, eu estava muito nervoso, nada no mundo me faria deixar aquela porta.
 - Aqui, pegue. - disse Sheldon.
Virei o rosto, ele tinha voltado com um bastão de beisibol, luvas pretas e uma máscara negra.
 - Pra quê essa máscara? - perguntei.
 - Talvez seja últil... percebi que tem dureza e resistência elevadas... rápido!
Coloquei as luvas e peguei o taco, respirando fundo antes de abrir a porta.
Enfim abri, o cadáver se encontrava a centímetros do meu rosto.

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