quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
10º Encontro com o medo
A noite chegara, eu não conseguia ficar preso em casa depois do que acontecera, então eu e Sheldon(na forma de lobo) fomos para o quintal.
- Sheldon, você faz parte da cabeça de alguém como Ben faz da minha?
- Sim... mas não é hora de tratar disso. É algo que eu devo te falar depois.
- Quero que me fale agora.
- AAAAAAAAAAAH! - uma voz aguda e feminina veio da casa vizinha chamando nossa atenção.
- É Lisa, minha vizinha. Os pais dela viajaram e ela está sozinha em casa. - ditei a Sheldon.
- AU! Vamos até lá! - levantou-se, eu o imitei.
Atravessei minha casa correndo, com meu cachorro ao lado.
Cheguei à porta, que estava escancarada.
- Tem algo errado, Sheldon. - sussurrei.
- Hm, tem alguém chorando no andar de cima. - sussurrou mentalmente de volta, como se alguém pudesse nos ouvir. - É um choro feminino, deve ser ela. - então percebi que ele tinha os sentidos aguçados. Subimos as escadas silenciosamente.
Lisa estava jogada no chão do quarto, com as mãos amarradas e uma mordaça na boca que eu não demorei em tirar.
- O que houve, Lisa? - indaguei, baixo.
- Vai embora. - respondeu, respirando pesada e agonizantemente. Seu desespero estampava seu rosto em letras garrafais, tive uma vontade imensa de tirá-la logo do sufoco, mesmo que não soubesse qual era.
- Diego... - ouvi a voz de Sheldon. Pelo tom aterrorizante, estaria em posição de ataque. Virei-me, eu tinha acertado.
O lobisomem estava na mesma forma de quando o encontrei pela primeira vez, só que mais ameaçador, como se quisesse proteger algo muito valioso... no caso eu e Lisa.
- Diego, ele está no banheiro... ele matou o cachorro de Lisa... está armado... faca... vamos nessa. - esperou eu me aproximar para avançar no mesmo passo.
Olhei para dentro do banheiro, um homem de porte atlético vestido de branco com as roupas manchadas de sangue. Ele estava virado de costas para mim, ocupado com alguma coisa dentro da banheira.
Um brilho metálico no cesto perto da porta chamou minha atenção, era uma faca de cozinha.
- Eu o empurro e você o ataca. - falou o cachorro para mim, mentalmente.
Ele deu um impulso e cravou os dentes no pescoço do homem, que desvencilhou-se com dificuldade.
- MAS O QUÊ? - analisou nós dois. - Ku ku ku, vejamos só... - seus olhos eram azuis, e seus cabelos, loiros oxigenados. - O garotinho indefeso e um cachorro metido a valentão... - antes de nos dar chance de tomar quaisquer reação, puxou outra faca de não sei onde e avançou em mim.
Com agilidade, rolamos no chão, eu com a faca de cozinha, ele com uma faca de dois gumes. Paramos com ele em cima, forçando a arma para ir de encontro ao meu pescoço com a intervenção das minhas duas mãos, já que ele era muito mais forte que eu. Empurrei-o para onde desse, e então fiquei em cima. Com a mão livre e raciocínio rápido, consegui tirar a faca da mão do loiro, que ao que era evidente, o que tinha de músculos não tinha de cérebro muito menos experiência no que estava fazendo... Ou talvez não... Ele pegou a minha faca pela lâmina, o que fez um pouco de sangue jorrar em sua camisa, mas com a minha outra mão no chão tive impulso o suficiente para levantar antes que fosse esfaqueado.
O homem levantou-se também, com um brilho assassino nos olhos. Onde estaria Sheldon?
Bom, eu não sabia onde meu cachorro estava, mas sei onde Lisa está, e fiquei muito aliviado com isso.
Ela tacou uma cadeira de ferro na cabeça do loiro, que ao cair afastei-me. Vi a faca de dois gumes no chão e um impulso tomou conta de mim. Sem pensar, peguei-a e cravei nas costas dele, perfurando possívelmente o pulmão, depois a tirei e coloquei novamente em sua nuca.
- Chega, Diego. Basta. - Lisa ditou-me, tentando me acalmar. Sua face estava úmida, como se tivesse chorado muito.
- Conhece ele? - perguntei, controlando a respiração.
- Meu ex... não aceitou a separação... - caiu de joelhos no chão. Eu fui ver o que era, ela havia começado a chorar. - Meu cachorro... Ele cortou a garganta do meu cachorro... Eu o vi fazendo isso... Max quis me proteger...
- Você... quer ficar na casa de um amigo meu até seus pais chegarem? Eu e o Sheldon cuidaremos disso tudo.
- Sim... - me olhou com um brilho nos olhos. - Obrigada, Diego... Muito obrigada... - puxou-me para um abraço, eu correspondi. - Seu cachorro é esperto, me desamarrou e indicou a cadeira.
"Diego, venha até aqui." - era a voz de Sheldon vindo do banheiro.
- Eu já venho. - falei, desvencilhando-me dela.
- Tá... Mas eu quero que você enterre o corpo do Max no quintal da casa, okay?
- Claro, cuidarei de tudo. - fui até meu cachorro.
Ele me indicou para olhar na banheira, e eu o fiz. O cão de Lisa estava coberto e rodeado de sangue que não parava de jorrar de sua jugular.
- Não vou deixar ela ver isso. - decidi. Sheldon assentiu.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fala aí, manolo