quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Oitavo encontro com o medo



"Acho que encontrei meu cachorro", pensei.
O cachorro estava se contorcendo na grama, rolando e tirando um pouco do mato, e eu não conseguia acreditar que aquele garoto carismático e doce do Sheldon fosse um lobisomem.
 - SHELDON! - corri até ele.
 - GRAUHN! - quase mordeu minha mão.
 - Calma, Sheldon, sou eu, Diego! - forcei sua boca para se fechar com as minhas mãos até que ele se acalmasse.
 - Diego... desculpe por quase te morder... não percebi que era você... Solte minha mandíbula.
 - Okay. - obedeci. - Por que não me contou que era lobisomem? E por que não estou tão impressionado, mas sim desacreditado?
 - Não era a hora. - sentou-se. - Deve ser porque você já sabia lá no fundo o que eu era.
 - Mais alguém consegue ouvi-lo falar?
 - Não. Nossa comunicação é por meio de um elo mental.
 - Como assim?
 - Isso é uma coisa que eu te explico depois.
 - Por que não vem pra casa comigo?
 - Porque Ben ainda está aí. Eu não posso ficar na mesma casa que ele sendo que ainda está no seu corpo.
 - Por quê?
 - Ele pode nos machucar, mas quando sai do teu corpo, fica fraco, demora bastante para recuperar o poder.
 - E quando ele vai sair?
 - Quando perceber que não pode fazer nada contigo enquanto estiver aí.
 - Hm, espero que não demore para acontecer. - olhei para baixo. Sheldon encostou o focinho em minha bochecha e me cheirou. Em seguida, apoiou o queixo no meu ombro, talvez tentando dar apoio moral. - Por que ele quis que eu machucasse minha mãe?
 - Ben quer te afastar das pessoas, quer te deixar sozinho, mesmo que tenha de usá-lo para eliminá-las... E seus pais... bem, seus pais são teu porto seguro. Agora que eles estão no hospital e você está sozinho em casa talvez seja perigoso.
 - Hm... o que eu faço, então?
 - Dorme na casa de um amigo. De preferência, numa casa cheia de gente.
 - Okay. Outra coisa, e aquela espécie de bola elétrica que você usou para se separar do Ben?
 - Isso eu só posso fazer nos sonhos, quando meus dons são fortalecidos. Você sabe que no reino das nuvens infantis tudo é possível.
 - Reino das nuvens infantis?
 - É uma forma de dizer Reino dos sonhos para mim.
 - Interessante.
 - Acho que deve ir embora agora.
 - Tem razão. - concordei. - É perigoso ficar até tarde aqui.
 - Uhum. - encostou o focinho no meu nariz. Os olhos dele pareciam abismos profundos, mas não tinham a malícia maligna dos de Ben, havia mais algo imponente, porém humilde. - até logo.
 - Até logo. - levantei-me para pegar minhas coisas em casa e ir passar a noite na casa de Reita.

 - Não, tudo bem, cara. Fica frio, pode dormir comigo...
 - Seu gay! Eu não vou dormir, só passar a noite.
 - Ah, tá bom. - deixou eu passar pela porta. - Bem, você sabe onde é meu quarto.
 - Obrigado.
Uma hora depois, Reita estava dormindo igual uma pedra, mas eu não iria dormir, nem ao menos sentia sono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fala aí, manolo