segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Quarto Encontro com o medo
Corri para casa, sem olhar para trás. Agora o medo desabava em meu ventre e se espalhava por todo o meu corpo. Quando percebi, já tinha chegado à porta de casa. Mamãe estava chorando.
- DIEGO! SABE QUE HORAS SÃO? - meu pai vociferou.
- Hm...
- É QUASE DUAS HORAS DA MADRUGADA! SUA MÃE ESTAVA MORRENDO DE PREOCUPAÇÃO! E SE TIVESSE ACONTECIDO ALGO A VOCÊ?
- ...
- ESTÁ DE CASTIGO, NÃO VAI SAIR DE CASA POR UM MÊS!
O bom do meu pai era que ele não alongava as discussões, e por sorte, mamãe não se manifestou, senão estaria levando sermão até o raiar do Sol.
Meu pai tinha razão, eu não devia ter ficado até mais tarde na rua, e poderia mesmo ter acontecido algo comigo.
Quando cheguei ao meu quarto, uma sensação estranha de sono apoderou-se de mim, então caí deitado na cama, adormecendo.
Aquele lugar era totalmente diferente ao sonho anterior. Era um campo, um campo em que a grama e o céu azul eram infinitos. Antes de me perguntar qualquer coisa, um vulto negro pulou da parte mais alta da mata, era aquele cachorro novamente.
- Diego, eu estou aqui para te acompanhar, não tenha medo, sou teu aliado. - sentou-se em suas patas traseiras.
Sim, era muito estranho um animal falar, mas como eu estava sonhando...
- Quem é você? - perguntei.
- Um amigo. Já nos apresentamos.
- Por que estou aqui? Onde está o Ben?
- Ssshhh! Não acorde-o! Levei um tempo pra fazer o seu medo se dissipar pelo menos por um instante.
- Como? Me explique.
- Me infiltrei na sua mente e causei o adormecimento do monstro.
- O que é você, afinal?
- Não importa, temos pouco tempo aqui. Ben pode se infiltrar em qualquer coisa, desde possuir humanos até objetos inanimados.
- Quem especificamente é o Ben?
- Ele nasceu do medo. Um espírito em potencial, não consigo explicar.
- Ele pode me matar?
- Sim, mas... Ele é possessivo em relação a você.
- Como assim?
- Vai te querer só pra ele.
- Okay, não estou entendendo mais nada.
O cachorro rolou na grama, talvez tentando se aliviar da minha burrice.
- Enfrente seus medos. - apenas disse, rolando mais um pouco.
Eu iria argumentar, mas de repente o céu ficou negro.
- Ele acordou. - o animal ficou de pé, fitando o horizonte. - Feche os olhos.
Obedeci.
Então acordei. Era como se eu tivesse levado um choque.
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