sábado, 25 de fevereiro de 2012
11º encontro com o medo
Mandei Lisa para a casa de Reita enquanto eu e Sheldon (na forma humana) cuidávamos para não deixar rastros do que acontecera na noite passada.
- Vamos cremar logo, o corpo está começando a feder. - disse Sheldon.
- Sim. Leve o cara para o quintal, eu irei cuidar do Max. - ordenei.
Fui até o banheiro, onde me virei para tirar o cachorro de Lisa da banheira.
- Você demorou tanto que pude cavar uma cova em minha forma de lobo. - reclamou Sheldon.
- Ah, claro! Você não teve que carregar um cachorro com a garganta cortada até o quintal e depois limpar o sangue da banheira e do resto da casa! - retruquei.
- Tá, tá... Vamos concluir então. - pegou o corpo de Max e o colocou com cuidado no buraco. Ele pegou uma pá e começou a recolocar a terra.
Eu joguei álcool no corpo do loiro, e, em seguida acendi um fósforo e taquei-o no cadáver.
Sentei na escada da varanda fitando o fogo crepitar calmamente. De repente uma dor latente apoderou-se de meu cérebro, deixando-me sem os sentidos. Fui forçado a deitar.
- DIEGO! - Sheldon soltou a pá ao me ver nesse estado, correndo até mim.
Eu mal conseguia ver - minha visão ficara turva -, e eu quase não tinha audição - só ouvia meu gritos em primeiro plano.
Por uns segundos, senti algo se apoderando de minha mente. Nunca havia estado tão desesperado quanto neste momento, em que sentia-me possuído por algo e não podia fazer nada por estar sentindo uma dor excruciante. Minha visão foi ficando avermelhada, como se meus olhos fossem ficando injetados de sangue, então não respondia mais pelos meus atos depois disso. Não que eu quisesse, pois eu não ousaria me levantar nesse estado, mas porque algo - que não duvido que seja Ben - apoderou-se de mim como a peste negra na idade média.
Eu já estou impaciente com esse monstro, não vou deixá-lo possuir meu corpo assim tão fácil!
Ben me fez levantar e forçar um sorriso malígno para Sheldon, que logo percebeu:
- SAIA DAÍ, BENNETT! - ele berrou, o monstro agitou-se dentro de mim com raiva e desfez o sorriso. - O CORPO DELE NÃO É SEU! DIEGO, - me chamou. - LEMBRE-SE DE QUEM VOCÊ É, PONHA BEN EM SEU DEVIDO LUGAR!
"Eu sou Diego Bartolomeu Sunflora, estudante, cabelos negros, olhos castanhos, moro em Lestate City e um monstro não vai se apoderar de mim fácil" Com dificuldade pedi mentalmente: "Eu quero me encontrar com você".
Então o lugar onde eu estava mudou; era agora uma visão do inferno, chão vulcânico e fogo em volta. Ben encontrava-se parado a uns 3 metros na minha frente.
- BEN, EU ORDENO QUE SAIA DA MINHA MENTE! - gritei.
- NÃO, EU NÃO VOU DEIXÁ-LO!
- ENTÃO PARE DE ME PERTURBAR! - fechei os punhos.
- NÃO FALE ASSIM COMIGO!
- EU FALO COMO EU QUISER COM QUEM FAZ PARTE DA MINHA FANTASIA E ISSO INCLUI VOCÊ!
- Hu hu hu, vejo que aquele lobisomem está te ensinando algumas coisas. Eu sei que você ainda tem medo de mim, quando me encontra sente que está cara a cara com a coisa que mais teme.
- CALA A BOCA! VOCÊ NÃO TEM PODER SOBRE MIM DENTRO DO MEU CORPO!
De repente o fogo antes vermelho tornou-se azul.
- Hm... Aquele idiota está fazendo macumba pra te acordar... parece que nosso tempo está acabando... Sairei muito em breve, me aguarde... - disse Ben, e sua imagem começou a dissipar-se.
Abri os olhos e vi o rosto de Sheldon a centímetros do meu.
- O que aconteceu? - indaguei.
- Você foi... possuído pelo Ben... - levantou-se. - Sua pupila tomou a forma de fenda e seus olhos ficaram injetados de sangue como uma cobra demônio, foi muito estranho. Então de repente você apagou, eu te peguei antes que caísse no chão e comecei a fazer umas técnicas secretas...
- Técnicas secretas? Isso é meio clichê...
- Não dá pra chamar de outra coisa, senão a verdade seria revelada.
- Okay, já entendi. Hm... Ben me disse que sairá do meu corpo muito em breve.
- Espero que seja verdade.
- Eu também. Ser possuído por uma coisa que tentou matar minha mãe não é nem um pouco agradável. Hey, você não disse que só poderia ir pra casa comigo quando o monstro saísse?
- Não se preocupe, ele já não presta mais atenção em mim, mas isso vai recomeçar quando sair.
Então terminamos de cuidar dos corpos até o raiar do Sol.
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