quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
9º Encontro com o medo
Fui embora da casa de Reita fazia uns minutos, agora eu caminhava até a praça.
- DIEGO! - a voz de Sheldon me fez pular de susto.
- SHELDON! PARE DE ME ASSUSTAR!
Ele estava agora com uma camisa gola v preta, calça skinny e tênis All Star preto.
- Hu hu hu, desculpe. Sente-se. - sentou numa ponta do banco, eu sentei na outra. - Você tem que pegar a faca que Ben usou para machucar sua mãe.
- O quê? Por quê? - o desespero se fez presente em minha voz.
- Vamos precisar dela.
- Quando?
- Em breve. Acredite, é fundamental que a tenhamos.
- Hhhmm... - resmunguei de aflição. Não queria ter que enfrentar Ben novamente depois dele quase ter matado minha mãe.
- Ei, você vai ficar bem.
- Falando em faca esse seu corte foi feito pelo monstro, não foi?
- Uhum. - confirmou. - Vamos para sua casa iniciar o processo.
- Pro-processo? - gaguejei.
- Sim. Temos que ir pegar a arma o mais rápido possível.
- Ugh... acho que vou vomitar...
- Não vomite agora.
Quando chegamos em casa, Sheldon me fez deitar no tapete da sala.
- É o seguinte, você só terá 2 minutos para pegar o instrumento, passado o tempo, te puxarei de volta à realidade.
- Okay.
Ele massageou minha barriga e eu caí no sono.
Lá estava eu novamente naquela sala branca coberta de sangue, que àquela altura já me causava arrepios nos pelos da nuca.
Olhei para o lado, a maca com o corpo de minha mãe ainda estava lá, e a maldita faca também. Ben não dava sinais de estar no local, mas eu não pensei muito, talvez tivesse somente mais um minuto.
Puxei-a do ombro do corpo, limpando o sangue em seu vestido.
- DIEGO! - minhas pernas tremeram ao escutar o berro com a voz do monstro. Ele abrira a porta, viu o que eu estava fazendo e avançou.
Não conseguia fugir, eu não teria chance alguma naquele cubículo. Que coisa linda, preso em minha própria cabeça. Todavia, senti que acordava uma segunda vez, e o alívio veio intensiva e exaustivamente quando o tom de voz doce de Sheldon falou que estava tudo bem.
- Tudo bem agora, descanse. - falou.
Eu segurava a faca de dois gumes na mão esquerda, mas o lobisomem a pegou.
- O que vai fazer? - perguntei.
- Uma coisa. - falou, levantando-se. - Eu já volto. - saiu de casa.
Após ele ter saído, senti algo vibrando em meu bolso, era o celular.
- Alô. - atendi.
- Diego, é o papai. Quero te avisar que sua mãe está começando a se recuperar rápido...
- Como assim?
- Também é um mistério para os médicos. Antes de alguns minutos atrás não havia nada que fizesse efeito em Lílian, a ferida continuava como estava e é bem profunda.
- Hm... quando chegam?
- Se tudo correr bem, hoje à noite ou amanhã, mas eu te aviso.
- Mande um beijo pra mamãe.
- Sim.
- Pai.
- Que foi?
- Eu trouxe um cachorro pra casa... tem problema?
- Se você cuidar dele, tudo bem.
- Obrigado.
- De nada. Tchau.
- Tchau. - desliguei.
Logo após desligar, uma dor excruciante tomou meu peito.
- AAAAAAAAAARGH - levei as mãos ao coração, debatendo-me com a dor latejante que subia ao cérebro e teimava em rachá-lo.
Por mais que tentasse, não conseguia me acalmar ou pedir ajuda, eu não conseguia nem raciocinar direito.
- DIEGO! - Sheldon veio na forma de lobo. - Calma! - COMO SE FOSSE FÁCIL! - Ben, pare de machucá-lo! LEMBRE QUE SE VOCÊ MACHUCÁ-LO EU TE CAÇAREI MESMO QUE SEJA NO QUINTO DOS INFERNOS, SEU RATO!
Então de repente a dor cessou. Abracei "meu cachorro" em forma de agradecimento. Sentia-me fraco, minha cabeça ainda doía um pouco.
- O que aconteceu? - indaguei.
- Ben quer sair.
- Bem que ele podia fazer isso de uma forma mais... sutil.
- Bem improvável. Outra coisa.
- O quê?
- Cuidado com ratos.
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