quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Sexto encontro com o medo
Escrevi a palavra "cachorro" na palma da minha mão direita com caneta esferográfica antes de ir me deitar. Desde antes de ontem, caio no sono com facilidade, era só fechar os olhos e dormir.
Encontrei-me diante do mesmo ambiente do primeiro sonho. Uma sala branca, mas com supostamente manchas de sangue. No meio, havia uma mesa e duas cadeiras em cada ponta.
- Ben? - chamei, sentando-me na cadeira mais próxima.
- Diego. - surgiu de uma porta ao lado, que logo desapareceu.
Esperei ele sentar, mantendo a expressão sem emoção alguma.
- O senhor quer falar comigo? - indaguei.
- Pare com isso, você continua fraco.
- Desculpe, mas não consigo entender o que você quer passar.
- Aquele maldito lobisomem não te disse nada? - então ele era um lobisomem?
- Não. - menti, tendo o cuidado para não me entregar. Àquela altura eu já estava ficando nervoso demais.
- Hu hu hu... - sorriu um meio sorriso. - Você tem que depender de si mesmo, não pense nas outras pessoas, atropele-as e depois esmague-as. - uma faca surgiu na mesa. - Vê isso? Hu hu hu... Agora olhe para o lado.
Obedeci, infelizmente obedeci. Na parede, a figura de minha mãe jazia em cima de uma maca. Sua pele estava arroxeada, seus olhos estavam fechados. Vestia um vestido longo de seda branco.
- Mãe... - sussurrei para mim.
- Isto é um sonho. - roubou minha atenção para ele. - Mostre que pode fazer as coisas direito. - sorriu.
- Eu não vou esfaquear a minha própria mãe.
- Isso é um sonho, não vai poder machucá-la.
Havia algo estranho nos olhos vermelhos de Ben, algo malicioso ou coisa parecida.
- Não.
- Gggrr, sabia que você era um humano medíocre e fraco. - pegou a faca e foi em direção à figura de mamãe.
Instintivamente pulei em cima de Ben, que começou a se agitar perigosamente, até que percebeu que tinha uma arma em punhos. Antes que uma tragédia acontecesse, mostrei minha mão direita aos seus olhos.
- CACHORRO? - vociferou, enquanto caminhava para mais perto da maca. Ele se agitava como nunca. - GGGGGGGGRRRRRRRRRR... - levantou o braço para acertar algo que eu não sabia o certo: ou eu ou minha mãe. Mas quando olhei mais pra frente, em cima do corpo, "aquele lobisomem" se postava em ataque.
- DEIXA O DIEGO EM PAZ! - pulou em cima de Ben.
Agora, se não fosse trágico, seria cômico. Eu atrás e o cachorro na frente do monstro, tentando impedí-lo de fazer alguma besteira.
- NÃO! - era a voz do lobo.
Ben conseguiu me desprender, eu corri para ver mamãe... o monstro conseguiu ferí-la no ombro. "Isto é só um sonho", pensei, tentando me aliviar.
- VAI EMBORA, DIEGO! - o cachorro berrou, fez uma espécie de bola elétrica na boca e soltou em Ben, fazendo-o voar longe.
Então acordei.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH - era a voz de mamãe.
Corri para o quarto de meus pais.
- LÍLIAM! - meu pai acordara num pulo.
Ela sangrava muito no ombro e soluçava bastante também. Sua pele não estava arroxeada, mas bastante pálida.
- DIEGO, CHAME UMA AMBULÂNCIA!
Ben tinha me enganado... Ele quase me fez ferir minha própria mãe... Ele é um monstro... E eu não posso deixá-lo tomar conta de mim...
Chovia lá fora, e não passava das 5 horas da madrugada. Meus pais estão no hospital agora, não sei como mamãe está.
Depois de tudo o que aconteceu, eu desisto de dormir. Olhei para a minha mão, a tinta da caneta havia desaparecido. Como será que o lobisomem está agora?
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