domingo, 26 de fevereiro de 2012
13º encontro com o medo
Quando Sheldon acordou eu já tinha tomado o café da manhã, deixei frutas no quarto para ele.
- Uaaa... Cadê seus pais? - perguntou ele, se espreguiçando quando chegou à cozinha.
- Saíram. -respondi.
Eu estava esquisito, não me sentia bem nem mal, mas um pouco atordoado.
Eu passei a manhã no quarto com o Sheldon, brincando com bolinhas.
- Afinal, sou um cachorro e tanto. - ditou ele, quando trouxe uma bolinha.
A paz naquele cômodo foi interrompida quando comecei a sentir uma espécie de chutes em meu estômago. Pensei que começaria um novo ciclo de dor e sofrimento, mas não, apenas uma sensação de vômito.
Caí de bruços no chão e vomitei sangue. Senti também, algo pesado na minha mente deixar meu corpo tornando-o mais leve. Vi uma fumaça verde saindo do sangue, o que alertou meu cachorro.
- Ben saiu... e pela cor da fumaça ele deixou um presentinho pra você... - disse Sheldon, farejando o sangue. - Vamos sair esta noite. Chegou a hora de agir.
- Não estou entendendo nada, aliás, não estou entendendo nada desde o início. - resmunguei, levantando. - Aonde vamos?
- Você verá.
Vi um brilho enigmático nos olhos dele, o que me deu um pouco de calafrio.
Talvez agora que Ben saiu de meu corpo eu possa relaxar um pouco. Incrível, parece que meu coração está mais leve.
Já passava da meia noite, eu e Sheldon atravessávamos as ruas escuras sem o menor medo, ainda mais que eu não sabia onde estávamos indo.
- AU AU, mais rápido, Diego! - ele disse, correndo.
- Calma aí, você está com quatro patas e eu mal me locomovo bem com duas pernas.
Chegamos então ao portão de um cemitério.
- Um cemitério? - indaguei. - Viemos fazer o quê aqui?
- Eu enterrei algo por aqui e vai ser fundamental você tê-la, além do mais... Quero testar uma coisa.
- Que coisa? - às vezes Sheldon conseguia me assustar mais que do que Ben.
- É melhor não falar, senão vai querer desistir. - abriu o portão de ferro.
Eu caminhava atento para não tropeçar em nenhuma lápide, cemitérios não me davam medo, me davam paz.
- Fique aqui um instante. - disse Sheldon, enquanto cavucava a terra.
Olhei para o lado, percebi uma lápide de mármore e alguns escritos emocionantes da namorada do falecido.
- Ow, cara... Não era pra você ter morrido... você tinha uma família para formar... - sussurrei para o túmulo, como se ele pudesse me ouvir. - E vocês também... - olhei para mais duas lápides.
Depois de alguns segundos eu me arrependi de ter feito aquilo.
- AAAAAAHH! - gritei ao ver ossos formando uma mão saindo da terra.
Atrás dele, as outras duas lápides também davam sinal de que seus donos "voltaram à vida".
- SHELDON EU TE ODEIOOO! PEGA LOGO A PORCARIA QUE VOCÊ VEIO PEGAR! - eu gritei, enquanto corria dos três pelo cemitério.
- AINDA NÃO ACHEI!
- O QUÊ? VOCÊ NÃO SABE ONDE ESTÁ? TE ODEIOOO!
- MAS EU SEI QUE ESTÁ EMBAIXO DA TERRA!
- TEM ZUMBIS ATRÁS DE MIM, SEU IDIOTA!
Àquela altura eu já tinha dado 5 voltas no cemitérios com zumbis na minha cola.
- ACHEI! - berrou Sheldon ao longe.
- AINDA BEM!
- PEGUE! - correu até mim, com uma faca de dois gumes na boca. - Acabe com eles. - desapareceu.
- QUE BOSTA! - parei de correr, virando para trás.
O primeiro zumbi avançou. Senti algo estranho emanando da faca, era como se eu tivesse nascido sabendo usá-la, era uma familiaridade imensa e assustadora.
Ele estendeu os braços para mim, eu os peguei e quebrei, jogando em qualquer lugar. Em seguida, esfaqueei sua cabeça, fazendo-o cair e desaparecer na terra.
O segundo veio mais rápido do que eu poderia prever, e isso me custou caro.
- AAAAAAARRGH! - chutei sua barriga quando ele mordeu meu braço. - SHELDOOOOOON! - chamei enquanto atingia o "estômago" do segundo zumbi, que caiu no chão.
Senti meu braço perder a sensibilidade, vi a parte da mordida ficar preta. O terceiro e último zumbi já se aproximava faminto, vi Sheldon se aproximando na forma humana. Minha visão ficou turva, o lobisomem deu um jeito no zumbi com a minha faca.
Tudo aconteceu muito rápido, Sheldon logo voltou à forma de lobo e começou a lamber minha ferida. Então as coisas recomeçaram a serem normais.
- Por que isso? - indaguei.
- Minha saliva é curativa... Guardei a faca no seu bolso.
- Por que você a enterrou no cemitério?
- Porque é um local sagrado, se fosse em outro lugar não daria certo.
- O que não daria certo?
- A mágica. Se essa arma não tivesse o destino que teve, você não poderia ter matado nem o primeiro zumbi. Com essa faca você é capaz de enfrentar até o Ben.
- Que... Mágico... - ditei, levantando-me para ir embora. - O que você queria ver?
- Queria saber se Ben tivesse te dado esse dom.
- Que dom?
- Ressuscitar os mortos... HAHAHAHA.
- Isso não tem graça, eu quase morri.
- Bem, até agora você só consegue criar zumbis famintos por carne humana, hehe.
- Argh, pare de rir.
- Ok... Mas amanhã começa o trabalho duro. E você deve enfrentar as coisas que teme... senão poderá morrer.
- Hm... - um calafrio instalou-se em toda minha nuca. O que mais de maluco aquele lobisomem iria impor?
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